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Domingo, 10 de Novembro de 2024
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A inocência interiorana teve sua época...

É...E como teve.

José Luiz Ayres
Por José Luiz Ayres
A inocência interiorana teve sua época...
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A inocência interiorana teve sua época

 

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            Esta crônica a qual estou me reportando, embora já tenha um bom tempo se passado, ou seja; ocorrido em 1989, portanto há 32 anos, veio demonstrar o quanto a ingenuidade, a inocência prevaleciam em meio destas pessoas viventes residentes no interior, levadas que eram pelas ditas honestidade e confiança, atribuindo que faziam parte do sentimento pessoal de cada um e que por isso a confiabilidade  sempre prevalecia.

            Na oportunidade, estávamos nós a participar de umas férias mais que merecidas num hotel interiorano mineiro, precisamente  à cidade de Extrema, por sinal uma bela e aconchegante localidade, onde primava pela  tranquilidade e a paz reinante, tendo no hotel o qual nos encontrávamos um congraçamento bem agradável, em que as pessoas se davam como já se conhecessem uma as outras. Enfim um ambiente bem interessante e gostoso que nos deixava bem à vontade.

Em meio uma manhã, estávamos nós a curtir as delícias circundantes do hotel, quando chegamos ao jardim objetivando ocupar um dos bancos sombreado entre as alamedas floridas. Sem que esperássemos,  chega-se a nós o cozinheiro do hotel,  --  por sinal um excelente chefe de cozinha  --  acompanhado de dois indivíduos, que segundo ele, queriam comprar o seu “Fuscão 71”, que vinha indicado pelo seu Mário da padaria e, eu como já o conhecia daria o testemunho que o carro era de fato excelente. Embora ficasse um tanto acabrunhado, concordei mesmo não sendo “exper” no assunto e óbvio que concordava com o João cozinheiro pela sua honestidade e evidente por acreditar em nós que apenas passávamos nossas férias.

Depois de rápido diálogo, os três se afastaram seguindo ao estacionamento, naturalmente a conhecer o ”Fuscão azul diamante 71” e óbvio a negociar o carro, pois segundo soubemos, o dinheiro seria a complementar o final da construção de sua nova casa.

            Não demorou muito, deixa o estacionamento um dos interessados a conduzir o Fuscão, que de fato estava uma beleza. Deixando o pátio do estacionamento, lá foi o veículo, que segundo João, o indivíduo fora testa-lo, enquanto o amigo, na  verdade o verdadeiro comprador, já que o outro era o mecânico, ia até ao Banco Nacional sacar o dinheiro, que soubemos  dezesseis milhões de cruzeiros a entregá-lo aqui no hotel e ter em contrapartida o recibo assinado dele como vendedor.

Assim que o rapaz saiu rumo ao banco, no que João retornaria a cozinha do hotel, o chamei e, um tanto receoso, indaguei dele porque não  o  acompanhou    ao banco?   Pelo menos se ele quisesse da um golpe, você teria como se defender. Com certo ar exclamativo, meneando a cabeça como estivesse confiante, sorrindo, Falou;   --  Não, isto é gente boa! Não tem cara de ladrão e eu confio neles...

O tempo foi passando, quando de repente se chega apressado o João, indagando se os dois haviam chegado. Olhando o pobre João, limitei-me a dizer que não, e que ele fosse imediatamente a DP, pois seu fusca a essa altura já está no estado de São Paulo, provavelmente rumo à capital. Você esta com a documentação do Fusca ? Infelizmente a resposta foi um triste  e melancólico  Nnnnnãaoo... Deixei com o motorista, pois a polícia poderia pega-lo e como iria se explicar? Afinal meu carro é bem conhecido na cidade... Até enquanto permanecemos na cidade, não tivemos notícias da apreensão do Fuscão diamante 71 às duas últimas semanas que permanecemos à cidade de Extrema. Como diz o ditado, dançou de fato miudinho.

 No ano seguinte, quando lá estivemos, soubemos que o Fuscão foi encontrado na cidade de Araçatuba só sua carcaça, e tem mais,  --   teria que pagar o IPVA vencido,  o local onde permanece desde o dia que ali foi colocado, por um auto- socorro particular pela polícia, que também  recuperado após incursão policial em Araçatuba numa oficina mecânica conhecida como desmanche, também incluso em pagamento, um mês após feito o Boletim de Ocorrência (BO) em Extrema.

Moral da história: Este episódio veio comprovar, o quanto o interiorano foi e às vezes ainda é, crendo na  confiança, um ser dotado de muita ingenuidade por  crer nas pessoas, não atinando pela esperteza que elas hoje possuem... Visando convencê-las a se passar por gente de bem. Só que João, o cozinheiro, resolveu deixar de lado sua ingenuidade e  de ser inocente interiorano, esquecendo do Fuscão 71 e passou a ser, pasmem, Um João 171, por não assumir a dívida imposta pelas autoridades dos governos na dita recuperação do seu automóvel... Digo, uma carcaça já bem corroída pela oxidação à exposição do tempo jogada naquele monte de ferro velho... 

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