A macaquice e o susto...
Todo o início de tarde após o almoço, aquele empoado personagem deixava o hotel e em caminhada seguia a caminho da mata adjacente, que segundo nos revelou o gerente, no intuito do seu exercício físico, afinal segundo dizia ,era a forma de livrar-se do estresse acumulado pela luta do dia a dia urbana. Alias é a mesma fisiologia que comungamos, só que pela manhã posterior ao dejejum.
Um dia, entretanto por necessidade, deixei de cumprir nosso ritual e optei por caminhar a tarde. Com pouco mais de 30 minutos de andança a desfrutar das delícias da natureza a usufruir de instantes agradáveis em meio a cantos, gorjeios, cricrídios e outros tantos ruídos silvestres, observei que um som estranho soou aos ouvidos como fossem gemidos, talvez sussurros. Estático a apurar os sentidos auditivos, o som continuou, só que agora mais perceptível. Intrigado, resolvi rebuscar então de onde vinha e o que seria o tal ruído, me aproximando da densa folhagem que margeava a trilha. Tomado por um susto, perplexo, visualizei um casal em total descontração amorosa, preso aos laços do êxtase a se amar em plena nudez parcial. Sem querer dar uma de “empata”, procurei me afastar com certo cuidado a seguir o meu caminho, quando me chamou atenção sobre os galhos de um arbusto, alguns macacos a se agitarem com a chegada de outro conduzindo, nos pareceu, uma bermuda jeans e uma blusa ou camisa estampada. Diante do espanto e tolhido na ação; já que as peças só poderiam ser do casal, em avisar ou não, optei pelo aviso me anunciando através de tosses forçadas, no que deu certo, embora o cidadão constrangido e apavorado pela minha presença, ao tomar ciência da desventura das peças “roubadas”, sem saber como sair daquela situação, me suplica para ajudá-lo, solicitando que não fosse ao hotel pedir ajuda, já que o fato certamente causaria consequências catastróficas, e que eles seriam sem dúvida um prato cheio, independente da traição consumada por eles.
Pedindo calma ao cidadão, me prontifiquei em ajudar, recorrendo na compra das roupas: bermuda e blusa, procurando suas similaridades para não causar maior transtorno. Com uma hora e pouco, retornei ao local entregando-lhes as roupas, que por sinal foram bem aceitas e compatíveis com as usurpadas pelos símios. Resolvido o intrincado problema sem que cometesse um “furo”, prova foi que os dois “pombinhos” à noite, animadamente jogavam suas canastras em perfeita paz e harmonia sem que houvesse alguma “coçada de testa” esboçada pelos seus respectivos pares reais e verdadeiros. A importância referente a compra das roupas, foi deixada à gerência pra me ser entregue.
Moral da história: Amor na natureza é maravilhoso, só que desamores ocorrem sem que se possa prevê-lo, até mesmo por simples macaquices.
Ah... Esses “Turistas Amantíssimos” como são uns babaquaras a nos oferecer em seus momentos de suas aventuras pecaminosas instantes pra lá de pitorescos, levados pelos arroubos de sentimentos apaixonantes...Poxa, já imaginou se eu não passasse por aquele caminho! Qual seriam as consequências???
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