A “Perereca” saltou para o Brejo!!
Naquele hotel quatro estrelas de Poços de Caldas, em que a afluência de hóspedes se fazia sobre maneira importante, dada talvez à classe social que desfrutava, dois casais entretanto, se apresentavam de forma esnobativa pela elegância e a empáfia e, porque não, pela presunção e arrogância que demonstravam ao longo do dia a dia. Quando não estavam juntos, mantinham-se sempre afastados dos demais hóspedes sem darem a menor oportunidade de conversa, ou mesmo algum comentário momentâneo. Eram de fato esquisitos a ponto de uma ocasião, um deles destratar o pobre serviçal da portaria, só porque o mesmo lhe ofereceu os serviços de lavanderia do hotel.
Numa determinada noite, com o restaurante totalmente lotado para o jantar, a entrada da refeição fora servida uma suculenta sopa canja. À mesa próxima a nossa os dois casais aguardando serem servidos, degustavam as torradas e os petiscos do couvert postos à mesa. Todavia, pela expressiva presença de pessoas no salão, o atendimento dos garçons tornava-se um tanto demorado, no que suscitou de um deles reclamar e ter com isso às desculpas de um dos serviçais se comprometendo de logo servi-los.
Finalmente chega o garçom com a esperada canja e passa a colocá-la aos seus pratos. Só que quase de imediato, o homenzinho se ergue da cadeira a chamar o garçom, que se chegou assustado, a dizer em atitude um tanto agressiva, que a sopa estava fria e intragável e que providenciasse outra de imediato. Desculpando-se, a recolher os pratos, lá foi o pobre cumprir sua árdua tarefa. Minutos depois, de retorno após colocar os novos pratos à mesa, passa a servir a canja, onde se podia ver mesmo a distância, pois a terrina fumegava bastante, que estava bem quente.
Com certo sarcasmo, o cidadão “reclamão”,dirigindo-se ao humilde garçom, fala que espera não ter que reclamar pela canja fria. Meneando a cabeça o serviçal o responde, desculpando-se pela falta ocorrida, que não iria acontecer novamente e retira-se.
De repente sem que esperássemos, um barulho advém da mesa ao lado, em que deparamos com o tal ranheta com as mãos a boca, após deixar a cadeira tombar ao chão e socorrido pelo companheiro que no afã em atendê-lo é empurrado grosseiramente. Nisso diante da cena, onde todos ali presentes observavam o problema, chega-se o pobre garçom demonstrando preocupação, que indaga do homem o que estava ocorrendo. Quase sem poder falar, num sussurrante tom de voz, furioso o responde: que canja é essa que você nos trouxe, cuja temperatura extrapolou a fervura além do normal? Sai daqui seu moleque atrevido!
Logo a seguir, o garçom voltou, pediu licença ,mesmo um tanto ressabiado, e coloca sobre a mesa o objeto pelo ranheta ejetado durante o incidente e fala: - doutor, eis aqui a sua perereca que apanhei antes que fugisse pro brejo! Estava no meio do salão e poderia ser pisoteada. Ah... Desculpe, digo, sua dentadura!
Moral da história: Quem agiu e diz o que quer, tem também de aceitar o que não quer; ou seja, bateu levou...
Ah... Esses turistas esnobes, quando sua arrogância extrapola a educação e agride um humilde a torná-lo seu subserviente só pela posição social, são na verdade uns beócios a nos proporcionar instantes bem pitorescos... Tem mais que agradecer pela perereca não ter ido para o brejo...
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