A “Perereca” saltou para o Brejo!!
Naquele hotel quatro estrelas de Poços de Caldas, em que a afluência de hóspedes se fazia sobremaneira importante, dada talvez à classe social que desfrutava, dois casais se apresentavam de forma esnobativa pela elegância e a empáfia e porque não, por presunção e arrogância que demonstravam ao longo do dia a dia. Quando não estavam juntos, mantinham-se sempre afastados dos demais hóspedes sem darem a menor oportunidade de conversa, ou mesmo algum comentário momentâneo. Eram de fato esquisitos a ponto de uma ocasião, um deles destratar o pobre serviçal da portaria, só porque o mesmo lhe ofereceu os serviços de lavanderia do hotel, coisa bem comum em hotéis ultimamente.
Numa determinada noite, com o restaurante totalmente lotado para o jantar, a entrada da refeição fora servida uma suculenta sopa canja. À mesa próxima a nossa os dois casais aguardando serem servidos, degustavam as torradas e os petiscos do couvert postos à mesa. Todavia, pela expressiva presença de pessoas no salão, o atendimento dos garçons tornava-se um tanto demorado, no que suscitou de um deles reclamar e ter com isso às desculpas de um dos serviçais se comprometendo de logo servi-los, se desculpando dada a quantidade de hóspedes no refeitório, já que o hotel aquele fim de semana, mostrava-se com sua capacidade operacional total pela afluência de pessoas, levadas pelo evento importante, onde os carros antigos eram a “coqueluche” aos visitantes. Finalmente chega o garçom com a esperada canja e passa a colocá-la aos seus pratos. Só que quase de imediato, o homenzinho se ergue da cadeira a chamar o garçom, que se chegou assustado, a dizer em atitude um tanto agressiva, que a sopa estava fria e intragável e que providenciasse outras de imediato, a deixar os pratos à mesa, a evitar de levá-los, pois atribuía que traria as novas refeições que seriam batizadas por escarros a elas, dada as reclamações. Desculpando-se, a não recolher os pratos, lá foi o pobre cumprir sua árdua tarefa, em que fora agredido com palavras a duvidar de sua conduta profissional. Minutos depois, de retorno, após colocar os novos pratos à mesa e passa a servir a canja, onde se podia ver mesmo a distância, sua quentura, pois a terrina fumegava bastante, mostrando-se que ainda fervia e portanto bem quente.
De súbito, escutamos um barulho que ecoou no salão, a ponto de ultrapassar o som murmurante das pessoas que se falavam durante o jantar e vimos uma sena patética, onde aquele coroa resmungão, com à mão direita sobre a boca e com a esquerda a abanar a face com o guardanapo sendo utilizado na ajuda a fazer esfriar a suposta queimadura, pelo menos nos lábios, deixando a cadeira cair de costas ao chão, tenta agredir o pobre garçom, mas é o seguro, a evitar que um mau maior ocorresse, pelo seu amigo, tendo em vista esta o garçom com a terrina em sua mão direita, e seria difícil uma defesa pela agressão.
Passado o entrevero, acalmados os ânimos com o coroa se afastando e recolhidos os pratos de sopa pelo pobre serviçal, chagasse o vitimado, a dizer que daria ciência a direção do hotel sobre o “mau trato” que foi submetido, onde fora servida uma canja fervente a causar-lhe ferimento nos lábios e língua, o que não é concebido em qualquer hotel. Isto foi dito em voz alta para que todos soubessem do precário atendimento.
Nisso outro garçom que limpava o ambiente deixado pelo rabugento coroa, abaixando, pega no chão algo que ao verificar, sorrindo , entrega ao “reclamão”, dizendo em voz alta: -- Sr., esta “perereca” caída no chão por acaso é sua ? Pois quase que foi pro brejo se alguém por acaso pisasse -- Um tanto perplexo elevando a mão à boca, pegando-a do rapaz, em voz quase audível o responde: -- É minha sim...
Moral da história: Segundo soubemos, não houve a tal reclamação junto à administração e os casais deixaram o hotel na manhã seguinte... Provavelmente envergonhados pelo ocorrido, em que a dita “perereca” quase foi pro brejo naquele jantar...
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