A pressa e a perfeição.
Regressávamos de uma viagem ao sul do país – após dez dias de um turismo bem curtido – naquele ônibus bem confortável, quando em meio à madrugada chegamos à cidade de Registro (SP), onde ampla parada de coletivos de nome Petropem, nos proporcionou um rápido e significativo esticar de pernas e um “aquecimento estomacal” naquela madrugada fria. O espairecimento fora limitado em 20 minutos conforme nos informou o guia. Portanto, era exíguo o tempo a efetuarmos nossas prementes necessidades.
O grupo compunha-se de 26 pessoas, cuja faixa etária oscilava por volta dos 60 anos, mas felizmente todos sem exceção eram pessoas de grande espirituosidade, descontração, bom humor, enfim mais parecia um grupo de jovens, tal a alegria que imperou e mantinha-se ainda presente, mesmo no regresso às nossas origens, quando o ocaso da excursão era apenas questão de horas.
Embora a temperatura bem baixa, todos saltamos mesmo no que pese a sonolência, afinal deveríamos estar aos braços de Morfeu ou cochilando, pela hora da madrugada. Evidente que nos espalhamos pelo interior do prédio no objetivo não só arejar nossas mentes impregnadas de sono, como: “agasalhar os estômagos”, já que o jantar fora ingerido há mais de 6 horas e cada um procurar sua necessidade e conveniência.
Aos poucos fomos retornando ao coletivo e nos acomodando às poltronas, devidamente recuperados das carências que nos fustigavam. Com o tempo encerrado, ainda faltavam cinco passageiros. Mesmo com a aparelhagem de som já anunciar nossa partida. Nova e última chamada ecoou em todas às dependências do local. Apressados e quase que simultaneamente, chegam quatro dos atrasados, para finalmente espavorido e ofegante adentrar ao ônibus o último dos retardatários. Enfim partimos pela densa e silenciosa escuridão da rodovia BR101
O dia começava a clarear já quase na capital paulista rumo a Jacareí, SP, onde teríamos a última parada ao café da manhã, quando um cidadão ergue-se da poltrona como estivesse a procurar algo, a rebuscar nos bolsos dos agasalhos, na calça, na camisa, a bater com as mãos no corpo, olhando ao redor, abaixando-se seguidamente a verificar ao chão e frustrado, senta-se. O guia que a tudo assistia, indaga-o o que procurava. Encabulado, sem graça o responde. – A minha dentadura superior sumiu!!! Claro que o espanto e algumas risadas dos mais próximos foram inevitáveis. Nisso o cidadão, o último retardatário na parada de Registro, chega-se ao desafortunado e desdentado, desculpando-se pelo novo atraso, entrega-lhe a “perereca desaparecida “que fora esquecida no lavatório do toalete, que na pressa de embarque pelo anunciar ao alto falante, quando ambos se higienizavam lado a lado, a deixou sobre a pia.
Moral da história: A atenção e o cuidado que dedicamos conosco, são fundamentos naturais que possuímos visando a nossa integridade física em todos os sentidos, principalmente com os bens materiais que completam o nosso dia a dia como um acessório essencial ao bem estar cotidiano.
Ah... Esses “turistas desligados” e seus momentos de desligamentos, quando se desligam, ligados em outra frequência, nos proporcionam instantes realmente de muita comicidade e, claro, deliciosamente pitorescos... Já que seu sorriso voltou a deixá-lo, agora, sorridente... Isso sem dizer que o fato sem dúvida, foi o toque de encerramento naquela memorável excursão as terras sulinas. Concordas tchê??
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