A trocada de uma trucada...
Naquele hotel fazenda na deliciosa e acolhedora, cidade de Pirai do Sul, localizada na serra de Paranaguá, PR, cuja influência colonizadora deveu-se em parte aos imigrantes italianos, onde um clima sempre ameno faz da localidade um lugarejo aprazível, calmo por excelência e bem convidativo àqueles que amam a paz e acima de tudo a natureza e nós por acaso, fomos desfrutar desta exuberante e paradisíaca região.
Numa tarde após um lauto e delicioso almoço, em que a preguiça começou a dar sinais da presença nos fazendo a direcionar a uma macia e confortável cama, nós como alguns outros hóspedes que ali talvez resistissem à lombeira, ficamos a passear pelos arredores do hotel a desfrutar do belíssimo visual que se descortinava do deslumbrante platô, onde um imenso relvado pontilhado de araucárias se estendia ao longo das encostas nas planícies que circundava a localidade.
‘Em estado de graça e imbuído por uma paz que nos fazia esquecer o nosso cotidiano de urbanoides, caminhávamos pelas alamedas floridas com o predomínio das hortênsias e agraciados por uma doce brisa fria que se iniciava com a tarde a se despontar, quando nos aproximamos da área aos fundos do hotel, passamos a ouvir alta falação, gritos, e barulhos que pareceu vir de um pequeno galpão. O casal que ia um pouco a nossa frente, deu meia parada como estivesse a ouvir e observar, mas como o alarido persistia, o cidadão seguiu apressado em direção do tal galpão. Nós, como outras pessoas ali presentes, também fomos de encontro ao que se passava.. Lá chegando, podemos ver o cidadão espantado, tentando interceder junto a quatro homens ao redor de uma mesa, de pé, a gesticularem incessantemente, gritando e a subir e descer dos bancos, esmurrando a mesa, segurando cartas em uma das mãos que eram jogadas vez por outra ao cento da mesa. Parados à porta, permanecemos a admirar e sorrir pela dramaticidade que nos era demonstrada, quando o cidadão dito, apaziguador chega-se a eles, dando um soco na mesa e fala: - vamos parar com isso, vocês não são mais crianças, parem de brigar seus idiotas. Comportem-se como homens, onde já se viu brigar por jogo? Momentaneamente fez-se silêncio e logo uma sonora gargalhada ecoou pelo galpão. O cidadão, como a maior parte dos que se chegaram pelo alarido, - pois eu calculei se tratar do carteado do jogo de truco - sem entender o que acontecia, atônito e aparvalhado nada diz. Um dois “brigões” colocando a mão em seu ombro, se expressa: - Senhor, perdoe-nos se os assustamos, mas o senhor já ouviu falar em sua cidade no jogo de Truco ?
Pois é, o jogo de truco é assim que se joga. A misancene faz parte do espetáculo, sem essa coreografia fica sem graça. Mas nos desculpem pelo barulho, mas descendemos de italianos, onde o jogo é oriundo...
Ah... Esses turistas de boas intenções quando se arvoram pela pacificação, são de fato uns “guerreiros” e quase sempre nos proporcionam “guerras de gargalhadas” quando se tornam pitorescas suas frustradas boas intensões...
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