Por Luís Cláudio de Carvalho
Tenho observado que, de uns tempos pra cá, muitas pessoas estão dando as caras, principalmente na internet, para bradar sobre suas posições políticas e exaltar suas escolhas. Até aí, tudo bem. Defendo a liberdade de expressão e compreendo a facilidade de tornar as opiniões públicas hoje em dia, muito mais que no passado. O problema é que muitas dessas pessoas, embora com idade superior a 30 anos, nunca deram a cara à tapa e nem se expressaram com contundência em oportunidades passadas. E agora chegam achando que “descobriram a roda” e são os donos da verdade.
A situação que vivemos hoje é resultado da omissão de muita “gente boa”, que optou pelo comodismo de não se posicionar. Pelo tempo que faz que o país foi redemocratizado, já era para estarmos num estágio mais avançado de exercício da cidadania pelas pessoas. Uma boa oportunidade para participar da política são as eleições municipais. E não estou afirmando que essas pessoas deveriam ter participado partidariamente ou sendo candidatas. Apenas estou cobrando um posicionamento perante as candidaturas, posturas, atitudes e propostas de candidatos e políticos eleitos. O problema era que, enquanto alguns se expuseram e saíram à luta, muitos preferiram ficar na zona de conforto e não se indispor com ninguém. Afinal, nessas situações, você agrada uns e desagrada outros tantos.
Tendo manifestado esse meu ponto de vista numa rede social, onde muitos amigos concordaram e comentaram, algumas pessoas tentaram me mostrar o lado positivo da situação, argumentando que antes tarde do que nunca. Melhor estarem se posicionando agora do que continuarem no comodismo da isenção. Concordo. Só que poderiam ser mais sensatos e humildes, em vez de ficarem esbravejando, muitas vezes sem argumentos plausíveis, e, inclusive, ofendendo outras pessoas.
De qualquer maneira, a minha pergunta é: onde estavam essas pessoas nas últimas décadas? A maioria nunca participou de nada, nunca opinou, nunca tomou posição e agora aparece responsabilizando as outras por tudo o que está aí. Agora é muito fácil taxar as pessoas de comunistas e acusá-las disso ou daquilo. Foram omissas e, atualmente, se acham no direito de se apresentarem como se fossem as melhores. Depois de tudo o que já aconteceu, é muito cômodo pegar o bonde andando, sentar à janela, e, por exemplo, optar pelo Amoêdo, para se dizerem isentas, ou pelo Bolsonaro, para mostrarem que são contra tudo o que aí está.
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