Aqui faz e, aqui se paga... E pagaram!
Esta crônica me foi baseada, de episódio narrado pela minha amiga guia de turismo, Marlene, cujo cabedal de histórias é bem extenso e tenho por confiabilidade crer nos que são por ela contados.
Certa feita, dizia ela, fazia parte de excursão contratada por um grupo de religiosos, oriundos da Igreja Metodista do Rio de Janeiro, com destino a cidade de Paraty, em que era a responsável pela movimentação turística, não só a Paraty, como toda a região litorânea da Costa Azul, principalmente, a cidade de Angra dos Reis.
Partindo de local previamente determinado pela excursão, às 16,30hs, de uma praça cujo movimento era tranquilo sem que houvesse qualquer dificuldade com o estacionamento do ônibus, ou mesmo quanto à segurança, lá foi o coletivo de renomada empresa locadora buscando a Av. Brasil em seu trajeto. Dois jovens integrantes do grupo, acomodados às poltronas quase ao fundo do veículo, conversavam em tom de voz um pouco elevado contrastando com a totalidade dos demais passageiros, cuja maioria se não dormitava, tirava suas sestas e cochilos, embalados pela tranquilidade dominante, no que pese o papo dos dois jovens.
Em dado momento, talvez visando fazer gracinhas inconsequentes, os dois passaram a entabular algo como estivessem preocupados pela presença de um carro, em cujo interior três cidadãos pareciam apreciar o nosso embarque, em atitudes suspeitas, que volta e meia cochichavam entre eles, a apontar em nossa direção, o que pareceu que mencionavam algo como seguir o ônibus.
Aquela conversa “armada” e leviana entre os dois, caia como uma “bomba”, já que as pessoas próximas a eles se alarmaram e logo a notícia se espalhava a causar princípio de pânico pela histeria coletiva, sendo solicitada à presença de Marlene a tentar contato com a empresa do ônibus, pelo rádio à bordo. Solicitando a todos calma, procurou saber de quem veio à notícia. As luzes internas, foram acesas, onde todos que dormitavam se puseram em alerta, a procurar esconder seus objetos pessoais, dinheiro, carteiras, bolsas, na época o celular ainda tijolão, era raridade, e uns mais temerosos dizia que seria pior agir assim, pois poderia deixar os assaltantes furiosos e em represália serem violentos. Em suma o pavor estava generalizado.
Enquanto isto, os dois inconsequentes permaneciam calados e tranquilos, recostados às poltronas, cinicamente a deixar um sorriso malicioso a escapar.
A cada veículo que ultrapassava o ônibus, a tensão geral mais se agravava e o medo envolvia a todos, á medida que e aproximavam de Mangaratiba. Em Muriqui, Marlene autorizou ao motorista a parar, já que o local bem iluminado, com a presença de muitos veículos seria conveniente a aliviar o clima de tensão. Foi determinado por Marlene um período de meia hora a seguirmos viagem. Cumprido o tempo de pouco mais do previsto, faltavam os dois “jovens engraçadinhos”. Marlene saiu em procura dos dois, pois a demora se fazia preocupante. De súbito, tendo um deles um corte à cabeça e o supercílio com sangramento estavam sendo levados ao posto médico por dois policiais que auxiliavam no atendimento ao entrar no toalete e dar com os dois todos molhados tendo as vestimentas sujas e amarfanhadas. Segundo disseram aos policiais, haviam sido assaltados ! O que não tinha ferimentos, permanecia de cuecas e pedia ajuda da Guia Marlene para pegar sua mochila no ônibus.
Moral da história: O castigo demora, mas não falha!
Ah... Esses “turistas levianos”, cuja leviandade sempre recai em si mesmo, são sem contestação deveras pitorescos a nos proporcionar instantes de fato de muito humos...
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