As 1001 utilidades do “Douto”
Na cidade de Vassouras, região serrana do Rio de Janeiro, famosa pelo seu acervo e patrimônio cultural oriundo do ciclo do café no século XIX, entre seus atrativos turísticos, além da bela e exuberante natureza a despontar aos olhos de quem a visita um verdadeiro deslumbre, em determinada ocasião num dos hotéis onde nos encontrávamos, um grupo de turistas se chega bastante compenetrado sem os costumeiros alaridos de deslumbrados e a empolgação natural de turistas. Segundo passamos, a saber, eram estudiosos pesquisadores e doutos que ali vieram no intuito de levantar um histórico sobre; não só sobre aquele bioma, como o patrimônio secular existente em que lendárias fazendas se sobressaem a contar um pouco da história.
O grupo, cercado evidentemente de grande pompa a despertar certa curiosidade entre os hóspedes, era constituído de pessoas que de fato evidenciavam uma formação cultural bem elevada, tal a desenvoltura e a versatilidade com que dialogavam, onde demonstrando vasto conhecimento se fazia perceber. Em suma eram realmente dotados de um nível de cultura invejável. Todavia, aquele esbanjar de sabedoria não era condizente com o comportamento em que a prepotência e a empáfia se evidenciavam a demonstrar um menosprezo até discriminatório sobre as pessoas ali hospedadas. Com a convivência, passamos a observar que entre os “doutos”, havia um em especial que se destacava; ou seja, sabia de tudo, tendo o conhecimento bem eclético e em tudo dava sua opinião a ser envolver em acirrados diálogos querendo impor suas teses e teorias. Por essa demonstração de versatilidade, a “plebe” o apelidou de “Dr. Bombril”, o homem que entende de tudo, o homem de 1001 utilidades
Numa tarde o grupo retorna de suas pesquisas, exausto e ávido por um banho quente, visando não só relaxar, como se aquecer, pois o frio já se fazia presente. Parte do grupo permanece no bar do hotel a bebericar seus conhaques e o outro vai ao rumo dos aposentos. De repente um dos colegas retorna dizendo que o chuveiro não esquentava. O “Dr. Bombril” no bar solicita a chave do quarto do amigo e sai afirmando que resolveria O probleminha. Não demorou muito retornou, confirmando que tudo estava solucionado e o banho quente estava garantido.
No jantar por volta de 20 horas, na mesa dos dez “doutos”, só nove se apresentaram. O motivo, o colega do chuveiro havia ido à farmácia imobilizar seu pé esquerdo pelo chute dado à parede do box, devido ao CHOQUE elétrico que levou ao ligar o chuveiro. O “Dr. Bombril” esqueceu, ou não sabia, que o fio terra tem sempre que ser aterrado. Em consequência o amigo foi para o “espaço” e o “Dr. “Bombril” caiu por terra..., pois foi se meter numa seara alheia e acabou sendo gozado por todos os colegas e nós hóspedes.
Moral da história: Cuidado com os doutores Bombril na vida, eles se dizem de 1001 utilidades quando não passam de uma simples esponja limitada a sua utilidade comum...
Ah... Esses “turistas ecléticos” que entendem de tudo, mas quando se desentendem consigo mesmo, nos fazem entender porque são de fato bem pitorescos... Obvio que reconhecemos ser o cidadão pessoa de total cultura e talvez tenha se esquecido de aterrar o fio terra necessário a evitar que aconteça um choque, como ocorreu, mas o que aqui estamos levantando é a maneira com que estas pessoas ditas aculturadas e conhecedora amplas de vasto conhecimento, são por natureza bem prepotente entre uma gama de qualificações que possuem a desapreciar aos menos aculturados. Pelo menos é o que sinto quando me vejo envolvido com esta classe de pessoas.
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