As bravatas do falastrão
Vinhamos de um período “estressante”, onde as obrigações profissionais nos consumiu parte das energias e
resolvemos repô-las, naquele final de outono à cidade de Visconde de Mauá, RJ. O hotel que escolhemos, mesmo fora de época de temporada, apresentava-se com expressiva presença de hóspedes e, embora houvesse uma diversificação de pessoas, o congraçamento, entretanto, no geral era bem sociável, a nos mostrar um bom e salutar ambiente.
Mas como nem tudo é como imaginamos e atribuímos ser, pois havia um casal, que mesmo sendo considerado ótima companhia, dotado de grande carisma e jocosidade, nos deixava transparecer que o temperamento franco e aberto, não nos parecia convincente. Embora sempre alegre, o cidadão quando só, unia-se aos companheiros e tornava-se o centro das atenções narrando suas peripécias, em que as conquistas amorosas ao longo da vida quando solteiro foram intensas.
Alertado pelos amigos sobre o cuidado em sua mulher vir, a saber, sempre se mostrava tranquilo, pois se apregoava ser um casal moderno, extremamente liberal, sem as tais enciumadas, já que cada qual possuía seu espaço sem animosidades, ou mesmo este tipo comum entre casais pelo dito ciúme. O que a eles nunca existiu esta coisa.
Uma noite, um dos companheiros resolveu alugar uma fita de vídeo erótica, no intuito em brindar o grupo. O cidadão liberal e moderno, que só tomou conhecimento do evento pouco antes da sessão, foi até a sua mulher que se encontrava com outras amigas papeando, dizendo-lhe que iria ficar um pouco mais e que não o esperasse para subir ao apartamento. Passava das 22,30 hs., quando os assistentes do vídeo começaram a chegar à sala destinada a exibição O locatário ansioso, aguardava os últimos para iniciar a sessão, quando finalmente, apressado, com ar estranho chega-se o moderno cidadão que fecha a porta atrás de si.
Nós que conversávamos com um casal, embora um pouco distantes, em frente da sala de vídeo, já passado algum tempo, somos surpreendidos pela chegada da mulher do tal “liberal” que pareceu procurar pelo marido e, de repente abre a porta da sala, entra e...Não demorou muito ouve-se um bate boca, que mesmo abafado pela porta fechada, escutava-se ser ruidoso e acalorado o diálogo. A porta se abriu e o casal dito liberal, aos berros, trocando insultos, deixa a baixaria evoluir, a ponto dos hóspedes dos quartos próximo da sala de vídeos, se assustarem e deixar os seus aposentos no intuito de saber o motivo de tanto escarcéu. Claro que àquela altura a sessão já fora interrompida e os espectadores a sair de fininho a evitar possíveis complicações.
Diante da cena conturbada, cada um tomou seu rumo sem que se envolvessem com aquele quadro de baixaria, enquanto o casal dito liberal e moderno, aos brados, tentava se acertar à sala de estar.
À manhã seguinte, soubemos que o casal deixou o hotel, já que nos pareceu não chegar a um acordo quanto à liberalidade apregoada pelo dito moderno cidadão, que acabou deixando a todos uma passagem bem pitoresca quando tentava mostrar seu modernismo, que às avessas, acabou mostrando o quanto de liberal nunca foram constituído...
Moral de história: Depois dessa, só restou mesmo deixar o hotel, saindo as escondidas após o desjejum...
Ah... Esses turistas que se mostram aquilo que desejariam ser, ou seja; modernos e liberais, a levar suas vidas de casados dentro da naturalidade, desprovidos de qualquer intolerância que venha causar possível encrenca, quando se veem diante de um fato como esse, que presenciamos, só pode nos presentear com cenas pra lá de pitorescas... Mas que sem contestação, nos causou bastante jocosidade e a imaginar como a “coisa” deve ter sido daquele dia em diante.
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