As Cabeças Ornamentadas
Despreocupados, curtíamos os prazeres da cidade mineira de Passa Quatro desfrutando do clima de montanha que a lindíssima localidade oferece, afastados do caos urbano das nervosas metrópoles brasileiras, hospedados numa deliciosa pousada que àquela ocasião apenas no momento três casais se encontravam.
Numa tarde após passarmos toda manhã a caminhar no interior da belíssima reserva florestal do IBAMA, entre ar puríssimo e imensos bosques de eucaliptos, pinheiros, araucárias, casuarinas e vegetações as mais diversificadas, na presença de uma fauna bem variada notadamente de pássaros, resolvemos depois de um farto e suculento almoço, permanecer à aconchegante sala de estar da pousada, onde um aparelho de Tv ligado era o único a nos fazer companhia.
Abonachados numa das confortáveis poltronas tomados por cochilos e óbvio por gostosa sonolência natural, tentávamos assistir à televisão, quando um dos casais , que parecia estar em plena lua de mel tal a constância de carícias, melosidades amorosas e beijos trocados, senta-se na outra poltrona, ou melhor, ele se senta e ela com a cabeça ao seu peito deitou-se acomodando-se ao seu corpo e, com longo suspiro, acariciou a face do amado.
A TV reprisava a novela “ O rei do gado”. Numa das cenas, o personagem Bruno Mezenga, toma conhecimento pelo detetive por ele contratado, que estava sendo “chifrado” pela mulher, perante farto material comprometedor apresentado
Nesse instante, a mulher do casal “in love” disse: - Bem feito, foi bem merecido, afinal todo homem é infiel por natureza e se acha com o direito de praticar ato de tração, atribuindo ser normal.
O parceiro um tanto talvez surpreso retruca: -- Que história é essa, a mulher sim é que está acostumada a trair e é useira e veseira ter esta prática a fazer parte de seus hábitos e instintos femininos.
Com um sorriso irônico a mesma treplica: - Vocês é que são todos iguais, uns santinhos de auréola e tudo e, pensam que nós somos trouxas e idiotas a aceitar seus caprichos Casanovescos ? Estão muito enganados a atribuir que seremos umas beatas eternas a fechar os olhos as suas falcatruas pecaminosas
O cidadão demonstrando irritação e impaciência contra ataca: -- Para com isso, vocês não sabem o que dizem, são eternas vítimas de adultérios e, pelo contrário, são as próprias adulteras.
A mulher indignada, levantando-se, senta à poltrona encarando o parceiro e, com o dedo em riste, desabafa em tom irado: -- Você , “seu Cornélio”, pensa que eu não sei sobre o seu caso com a Vera?
Atordoado, perplexo o cidadão indaga: -- Que Vera é essa sua despeitada, quem lhe disse tamanha mentira?
‘Perdendo as estribeiras a mulher vocifera: -- Foi o Toninho! Seu safado, cretino.
Mostrando-se indignado indagou: -- Quem é esse Toninho sua idiota?
A mulher erguendo-se da poltrona, o responde com sarcassidade e malícia: -- Não sabe não seu sonso? Pois bem, o Toninho é o “cara” que você botou um belo par de chifres, o marido da Vera, que eu também a coloquei um deslumbrante ornamento. ,Alias vários!!!
Depois dessa, só nos restou deixar a sala em direção ao aposento, após curtir um aromático e delicioso café, cujo aroma penetrante inundava o ambiente, onde aquela roupa suja começava a ser lavada.
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