Às vezes quem se comunica também se trumbica!
Numa ocasião em que nos encontrávamos à cidade de Lavras, convidado que fui à cerimônia de encerramento do curso das turmas de turismo e jornalismo, tive a oportunidade de vivenciar um momento bem inusitado, que de certa forma não deixou de ser pitoresco. Aguardava à sala de estar do hotel, assistindo TV, à espera da presença de minha mulher, quando um cidadão de meia idade, se chega, a me cumprimentar e, senta-se no estofado ao lado. Não tradou, dirigindo-se a mim, num sotaque italiano bem acentuado, me indagou se conhecia a cidade.
Virando-me a ele, o respondi que de certa maneira sim, pois algumas vezes aqui estive e entre várias indagações, que mesmo com dificuldade linguística conseguia decifrar, fui me expressando dentro do possível a me fazer intender, até que se chegando mais próximo, perguntou-me se sabia aonde poderia encontrar “bambinas”, para desfrutar de noite de “amore”. Sorrindo, meneando a cabeça, o respondi que infelizmente desconhecia. O “carcamano” de nome Pietro, como se identificou, sorrindo um tanto forçado, a se expressar meio desarticulado, se desculpou pela indagação. Mas sem que me mostrasse aborrecido, ou constrangido, o solicitei que, discretamente, fosse à recepção e indagasse de algum empregado sobre a indicação de local que desenvolvesse essa prática, tão comum em qualquer cidade. Agradecendo-me, deixou a sala dirigindo-se a gerência, quando minha mulher se chega e saímos ao nosso compromisso.
À manhã seguinte ao nos dirigirmos para o desjejum, quando cruzávamos o “hall”, estranhamos à presença de dois policiais em conversa com o gerente. De retorno do refeitório, com minha mulher a se encaminhar ao apartamento, dirigi-me à recepção no intuito de fechar nossa conta. Lá chegando, eis a surpresa, com o gerente a me perguntar se por um acaso conhecia o cidadão Pietro Borgnini; o negociante de gemas (pedras preciosas), pois havia fornecido meu nome; “Joseph”, como referência no hotel. Estranhando, óbvio, lembrando-me do rápido encontro à noite na sala de estar, já que veio me solicitar informações sobre como conseguir mulheres, para seus encontros prazerosos. Limitei-me a respondê-lo, que procurasse a recepção, pois desconhecia sobre o assunto.
O tal italiano, de acordo com a orientação de um camareiro, segundo soubemos, obteve o que desejava e lá foi no encontro de suas “bambinas”. Só que dotado de outra cultura, provavelmente se achando o “rei da noite”, não se contentou com apenas “una raggazzi” e, sugeriu a moça que o acompanhava, o envolvimento de outra amiga, o que veio a ocorrer. Depois de tomar “todas” e pagar a noitada, saíram em direção de uma pousada, onde passaram o resto da noite. Por volta de 6 horas, acordou e deu pela ausência das duas, que o levou a perceber que fora lesado, ao procurar pela carteira com todo o dinheiro que ali se encontrava e, para piorar, todos seus documentos e cartões de crédito. Indignado, possesso foi à portaria pedir à presença da polícia, que acionada, pôr telefone, logo compareceu. Por não possuir qualquer identificação, com dificuldade de se fazer entender aos policiais, acabou sendo conduzido a D.P e a esperar pelo delegado, que avisado por um agente, logo se apresentou, e, que ao ouvi-lo, pediu que se identificasse e narrasse como tudo aconteceu. Um tanto atônito, apavorado e confuso, disse que fora roubado pelas “bambinas” enquanto dormia, e teve todos os seus pertences, inclusive os documentos, roubados e não sabia o nome do hotel que havia se hospedado e que apenas conhecia um amigo de nome “Joseph” no hotel.
Desconfiado do “carcamano”, o Dr. solicitou de dois agentes que levantassem junto aos hotéis da cidade, ou, fizessem contato com a Interpol através da Polícia Federal sobre o italiano, já que as duas jovens ao deixarem pensão, pela madrugada, disseram ao porteiro, que estavam fugindo do “gringo” por serem menores de idades e ele tentava abusar delas.
Limitando-me acertar minhas despesas, com aval do consciente gerente, que dizia desconhecer quem era Joseph, deixamos Lavras e os problemas do tal Pietro, o qual certamente teria de se explicar e muito na delegacia.
Moral da história: Por mais que queiramos ser sociáveis, simpáticos e comunicativos, é sempre bom ter o cuidado, para não nós deixarmos levar por momentos, que às vezes podem se tornar complicados; mesmo que se mostrem bem pitorescos, e nos trumbicar, a contrariar à máxima do velho guerreiro a dizer: quem não se comunica se trombica!
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