Por Luís Cláudio de Carvalho
A democracia e a administração pública moderna dão, tanto por força de lei quanto por vontade política dos gestores, a oportunidade para que os cidadãos participem, opinem e manifestem sobre os assuntos de interesse público, através das audiências públicas. Quase sempre, a participação popular é mínima e as decisões acabam sendo tomadas de acordo com o que foi proposto pelas lideranças administrativas e políticas. Depois de decidido e publicado, aparecem alguns para opinar, geralmente criticando, especialmente nas redes sociais.
Pela experiência que adquiri, através de muitos anos atuando na imprensa, participando da política e trabalhando no serviço público, posso afirmar que o comodismo e a falta de espírito público são os fatores que levam as pessoas à omissão. É muito mais fácil ficar em casa ou praticando atividades rotineiras que se deslocar a algum órgão público e participar das discussões. A natureza egoísta do ser humano também tem sua parcela de influência, impedindo que ele se disponha a participar daquilo que não é interesse exclusivamente seu.
Atualmente, ficou muito fácil acompanhar os fatos relacionados à política e à administração pública, seja através dos diversos órgãos de imprensa ou das redes sociais. Mais fácil, ainda, ficou compartilhar notícias e postagens pessoais, comentá-las e emitir opiniões, até mesmo sem se preocupar com a veracidade das mesmas. O mundo moderno nos dá a oportunidade de tomar conhecimento dos fatos, quase que instantaneamente, e emitir as nossas opiniões. Não deixa de ser um avanço e importante para a democracia e para a busca do conhecimento. Mas, só isso não basta para que exerçamos plenamente a cidadania. É preciso acompanhar de perto e participar de fato. Mesmo que seja somente quando os assuntos em pauta sejam mais importantes e de maior interesse público.
Enquanto as pessoas, especialmente as que exercem alguma liderança na comunidade, seja na representação política, nas entidades de classes, nas associações e outras instituições, continuarem se omitindo, as decisões serão tomadas por uma minoria, que nem sempre sabe qual a melhor solução, pois não conhece a realidade e não vive o problema de fato.
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