Bingo de Tabuleiro pesou em Paquetá
Em determinada ocasião após anos de ausência, optamos por curtir a bela e aprazível Ilha de Paquetá, RJ, nos hospedando em aconchegante pousada. A ilha em si houvesse crescido em termos de ilhéus, continuava a dispor de seus encantos e atrativos, os quais praticamente permaneciam como no nosso tempo de criança. Apenas pelo aumento demográfico as dificuldades passaram a existir, o que é óbvio, mas mesmo assim o seu charme e o eterno lirismo da época de nossos, ainda jovens avós, permanecem de acordo com suas saudosas narrativas a nós passadas cheias de romantismo.
Numa noite de sexta-feira por volta de 21 horas, aproveitando o delicioso frescor marinho, saímos a passear em nossa bicicleta dupla a fim de desfrutar do sossego e da tranquilidade noturna, banhada por um luar extremamente generoso, a nos propiciar instantes de puro romantismo. Após pedalarmos bastante, paramos na praça à beira do cais das barcas visando apreciar aquele mar sereno de marolas prateadas a beijar as pedras, quando observamos um casal junto a uma imensa mala, nos parecendo, - dada a agitação do cidadão – que aguardava aflito por alguém. Chegando-nos, o indagamos se precisavam de ajuda e, então pelo linguajar exposto, disse que aguardava um taxi em mais de meia hora a levá-los a pousada que os aguardava, pois eram naturais de Tabuleiro, MG, e que viajaram por mais de 12horas até ao Rio de Janeiro e mais hora e meia de lancha até Paquetá. Como a pousada, por coincidência, era a mesma que estávamos, solicitamos que nos acompanhassem, pois a ilha não possui automóvel, exceto uma ambulância, uma patrulha policial e o caminhão do lixo. Aqui o transporte é só por bicicletas e charretes que ainda poucas resistem e os novos triciclos elétricos .
Sem muito entender, acompanhou-nos a dizer que se seguisse o roteiro dado pelo idealizador do passeio, o sacristão da Matriz de Tabuleiro, o seu Alfredo, que dizia conhecer a Ilha de Paquetá. -- “Acho que dormiríamos aqui na praça... Foi sorte vocês aparecerem, pois só pode ser Deus que os enviou”.
Durante a caminhada, nos confidenciou que estava ali, por ganhar em Tabuleiro o bingo, realizado pela matriz, cuja premiação era um fim de semana com acompanhante aqui em Paquetá, com tudo pago.
À manhã seguinte por nossa recomendação, alugaram uma bicicleta dupla cuja adaptação da mulher, por não saber conduzir o veículo, levou algum tempo. Razoavelmente familiarizados, lá fomos nós. Todavia, certa dificuldade impedia que nos acompanhassem, alegando que o veículo era muito pesado, mas enfim atingimos a famosa praia da Moreninha, onde nos banhamos e relaxamos por inteiro a refazermos as forças. Só que ao retornarmos ao almoço, resolvi segui-lo observar o procedimento à condução da bicicleta, que continuava a reclamar em ser pesada. E não deu outra, ao observar que a mulher por naturalmente não saber conduzir o veículo, no afã de equilibrar-se com receio de cair, -- fato quase impossível em veículo duplo, --- estática ao selim, se agarrava as punheiras do guidão juntamente com os manetes do freio, pressionando-as visando sua suposta segurança. O que em consequência tornava a bicicleta mais pesada à condução, afinal estava sendo conduzida quase freada. Pobres tabuleirenses... Mesmo com esforço hercúleo chegamos à pousada, ao descobrir o motivo do peso do veículo e alertá-los sobre as mãos nos freios que sua companheira se utilizava.
Moral da história: Quando nos vemos pela primeira vez fora do nosso habitat e da rotina do cotidiano onde desconhecemos, claro, tudo que fora delas surge, é necessário que não tenhamos vergonha em mostrar esse desconhecimento que aflora a nossos olhos e termos a humildade a indagar a respeito. Negar este princípio básico é cair no ridículo.
Ah... Esses turistas de ocasião desprovidos de orientações, quando se vêm diante da realidade e que demonstram o quanto são ingênuos e desprovidos de conhecimentos primários, sempre hão de nos presentear com momentos bem pitorescos e dignos de personagens de boas piadas...
Comentários: