Bucéfalo empacou e escoiceou as palavras
Enquanto à varanda do hotel aguardávamos o transporte que nos levaria ao tour programado, pela excursão ao passeio previsto àquela tarde, procurava elaborar em rascunho, em que usaria sobre a logomarca de um de nossos anunciantes, o anagrama a ser inserido à Palavras Cruzadas a ser publicada no semanário, o qual também me cabe a sessão passatempo, à próxima semana.
Alheio ao burburinho e atento no que ao desenvolvia, um cidadão, entretanto, sentado próximo a nós em conversa com um casal, em que falante esbanjava seus conhecimentos culturais em exibição pessoal, talvez querendo aparecer, resolveu tecer comentários depreciativos a prática do cruzadismo, atribuindo aos aficionados como sendo todos uns “doentes” pela compulsividade a ater- se a esse tipo de diversão, dita cultural, a classificar tal passatempo como cultura inútil.
Aparentemente desligado, ouvindo as “críticas” do cidadão, a qual o respeitava, afinal cada um tem as suas preferências naquilo que gosta, mesmo que a franqueza nas palavras possam ferir sentimentos e suscetibilidades, outro senhor ao deixar o local, o tocou ao ombro e disse: - Sabe que você é de fato um perfeito e admirável bucéfalo e sua diversificada cultura é comparada sem dúvida a um magnífico e expressivo coprólite?
Exclamativo, o cidadão sorrindo agradeceu aos “elogios”, não sei se por deboche ou acreditando nas palavras pomposas e seguiu sua falácia intelectualizada. Porém, com o aviso da chegada do nosso transporte, no que me apressar a guardar os rascunhos, o intelectual tocando-me ao braço, perguntou o que significavam os verbetes ditos por aquele senhor que se retirou, já que como cruzadista eu deveria saber. Sorrindo, meneando a cabeça e dando de ombro, preferi me esquivar de responder, pois na certa haveria “coices” em profusões e “odores” desagradáveis. Afinal de um “cavalo” irritado, só poderíamos esperar tais reações e, óbvio, excursão interrompida.
Inconformado pela minha recusa, na recepção solicitou do camareiro o “pai dos burros” e pelo visto se intelectualizou com os verbetes, e furioso, escoiceou e saiu porta afora em “galope” a deixar atrás de si um rastro de sua mal cheirosa intelectualidade...
Moral da história: Quem diz e pensa o que quer, ouve o que não quer. Nada como se for o que fato é e aceitar o que não quer...
Ah... Esses “turistas intelectos” quando se veem diante de momentos que os mostram o quanto de bucéfalos e coprolites são constituídos, só nos resta agradecê-los pelos instantes oferecidos e classificá-los no rol dos turistas pitorescos... Alexandre, o grande, que me perdoe pela “homoses” a seu lendário cavalo e seus detritos petrificados pelos séculos. Porém, ao comentário sobre nós, os cruzadistas, apenas têm a lamentar pelo momento proferido, já que o respeito e educação são qualidades normais do ser humano...Se acha que é assim, guarde para si, pois quem diz o que quer , também ouve o que não quer, concorda
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