Civilidade qualidade de poucos!
À sala de leitura do hotel aproveitando o silêncio em meio da tarde, em que normalmente é proporcionado pela tradicional sesta provocada pelo guloso almoço, o que tornava o ambiente bem favorável a um bom livro, no meu caso específico, rascunhava uma crônica cujo episódio à noite anterior presenciamos, quando um hóspede, por sinal distinguido pelo pessoal do hotel como um encrenqueiro, penetra à sala e após correr os olhos nos livros das estantes, senta-se escarrapachado à poltrona depois de retirar sobre o console uma revista, pondo-se a folheá-la.
Retornando a crônica, em que por momento me desliguei a observa-lo, retomei a linha de inspiração e permaneci a desenvolver a escrita. De repente, senti um odor de tabaco, mais precisamente de charuto, que invadiu narinas adentro me provocando uma sensação em tossir, a qual não pôde conter e tossi por algumas vezes.
Olhando ao cidadão, vi preso aos seus lábios a imensa “trolha” ponteada por uma brasa avivada, onde densa fumaça toldava o ambiente a deixar um aroma bem desagradável. Sentindo-me constrangido e aviltado nos meus direitos, afinal independente do local existir sinalização visual proibindo o fumo, a educação, a civilidade e bom senso deveriam fazer parte da consciência em respeitar o ambiente fechado.
Deixando o recinto, fui até a portaria onde saboreei um cafezinho e no jardim acendi e fumei um cigarro. De retorno à biblioteca no intuito de dar continuidade no que fazia, ao penetrar à sala, quase nos esbarrando, o gerente se retirava. Antes de me sentar, o cidadão esparramado à poltrona, fechando a revista, falou-me: - Que frescura é essa de me entregar? Toma conta da tua vida, eu faço o que quero e ninguém tem nada com isso. Fica na tua ô cara...
Olhando-o, sorrindo meneei a cabeça negativamente e lhe disse que infelizmente sou tabagista e sei respeitar os direitos de cidadania e tenho educação até mesmo para lidar com incivilizados da sua laia. Outra coisa também é acusar sem ter certeza das acusações. Ah... Ia me esquecendo em lhe avisar, seu porcalhão, que além de sujar o chão com as cinzas, o bolso de sua jaqueta esta se queimando, por talvez não ter apagado o suficiente o charuto! Verificando a “cagada”, retirou a jaqueta bem como o charuto do bolso lançando-o ao chão e saiu porta afora resmungando.
Óbvio, como observador e cronista estiquei a permanência na sala, a cronicar novo episódio, já que esse fato seria arrolado nessas nossas andanças a fazer parte do nosso imenso acervo.
Moral da história: Respeitar o direito de outros não é nenhuma obrigação, é civilidade!
Ah... Esses “turistas intragáveis” que fazem da sua turrada falta de educação a bandeira de suposta liberdade de agir, pouco se importando com que estar a sua volta, tornam-se presas fáceis perante a sociedade civilizada, notadamente quando consequências ocorrem a nos presentear com instantes deliciosos a tornarem-se pitorescos pela incivilidade praticada...
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