Cleptômanas? Não... Picaretas!
A cidade em que presenciamos este episódio que ora transcrevo à crônica, é Monte Sião, ao sul de Minas, tradicionalmente conhecida pela indústria artesanal, do tricô, crochê e nas suas malharias, cuja presença de turistas e visitantes é bem concorrida, a tornar a localidade bastante conhecida e explorada comercialmente.
O hotel que nos encontrávamos, em que a tranquilidade envolvente nos trazia uma paz deliciosa, quando um ônibus de turismo aportou a sua porta, a deixar um grupo de excursionistas que ao saltar, demonstra transparecer toda sua agitação e alarido a seguir o guia responsável que penetra no hotel, a comunicar certamente sua chegada. Em princípio, não que tivéssemos qualquer preconceito quanto a esse tipo de turista, mas não nos pareceu uma boa, afinal nosso sossego e paz seriam sem dúvida quebrados, tão rumoroso era o grupo. À noite após o alarido natural do jantar, ficamos na sala de estar a assistir TV. Quatro senhoras do tipo cinquentonas, membro da dita excursão, a um canto, conversavam entremeando o tom de voz, vez por outra exaltado, levando a crer alguma anormalidade entre elas. Não demorou, adentra a sala o responsável pelo grupo, de nome Malan, que chamado pelas “coroas”, une-se a elas. Após ouvi-las, sem que o fosse dado um aparte ou mesmo argumentasse algo, depois de ouvir as vociferações, conseguiu falar prometendo que procuraria a moça em questão.
Pouco tempo se passou, penetra no recinto uma jovem e atraente mulher, vestida de certa forma bem ousada e sexy, sentando numa poltrona próxima. As “coroas” ao vê-la, cochicharam uma com as outras. A mulher ao perceber a atitude, ergueu-se indo à direção das quatro e, invocada, desabafou: -- Vocês não acham que já passaram da conta de reclamações ? Será que não têm algo a se ocuparem? Não bastam as implicações com o vento das janelas do ônibus, do perfume de alguém que as incomodam, da porta do toalete de bordo, da música ambiental, da alimentação, enfim, tudo é e foi motivo para incomodá-las e agora resolveram pegar no meu pé pela minha maneira de ser e viver, achando o meu comportamento incompatível a depor contra a dignidade da excursão ? Olhem pra seus “rabos”, onde a cada parada somos obrigados esperar sempre pelas “melhores figuras” para seguirmos viagem, depois de armarem a “ picaretagem” do golpe da cleptomania, enchendo suas bolsas de objetos “afanados”? Eu presenciei quando engabelaram a pobre da vendeusa da boutique dizendo que devolveriam o blazer por ser amiga da Leila uma cleptômana . Devolveram? Então, que direito tem vocês de exigirem compostura, dignidade, educação e sei mais lá o que...!!
Moral da história: Antes de tomarem atitudes em relação ao nosso bem estar, é importante e necessário que tenhamos acima de tudo, condições para podermos exigir tais reivindicações, sem o que nossas pretensões sucumbirão diante do inesperado acontecimento, o qual nos exporá à execração pública...
Ah... Esses vigaristas se intitulados de turistas, quando se vêm inferiorizados por não poder cantar de galo em terreno alheio por encontrarem quem os enfrente, costumam geralmente colocar a viola no saco, baixarem as cristas a ciscarem só em seus próprios terreiros, nos agraciando com momentos de certo modo bem pitorescos...
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