Coisas que acontecem, incrível foi real..
Abro a porta do quarto do hotel, após um dia extremamente exaustivo, porém bem proveitoso e agradável culturalmente, em que ótimas palestras foram expostas em termos literários entre os palestrantes nas sessões havidas naquele encontro, onde tive a honra de participar em convite especial pelo Sr Presidente da Academia Literária de Varginha. Nisso, ao olhar sobre a cama, observo que haviam deixadas limpas e passadas as roupas que solicitei serem lavadas pela lavanderia do hotel. Entretanto, ao conferir o rol que acompanhava as roupas ali anexo, verifiquei que algo de errado estava ocorrendo, pois além das três camisas, uma bermuda, dois lenços, havia agregadas também quatro cuecas “tipo samba canção” que obviamente não me pertenciam e as retirei deixando sobre a cômoda visando devolvê-las a ser reparado o engano do pessoal de apoio. Esclareço que minhas peças não são samba canção.
De regresso do jantar, ao chegar ao hotel e cruzar com a portaria, já no corredor de acesso aos apartamentos, notei que uma mulher que se encontrava junto ao balcão da portaria, assim que subi a pequena escada, observei que a mesma passou a me seguir. Quando parei à porta do aposento e posicionava chave , ela chegou-se a mim e um tanto desconsertada, me pareceu, indagou-me se eu havia recebido as roupas da lavanderia.
Um tanto surpreso e estranhando a pergunta, claro, a respondi que sim e a indaguei o porquê do seu interesse. Mostrando-se ainda mais acanhada, pedindo discreção e desculpas por haver abusado da sua ousadia e tolerância, revelou que a lavanderia, embora avisada para as roupas fossem entregues no seu quarto, pois havia mentido, dado as cuecas não lhe pertencer, serem minhas e esqueci de solicitar em deixá-las na portaria, onde pagaria as lavagens e as recolheria ,deixando a roupa que de fato eram suas a ser comunicada pela portaria.
Segundo um tanto amocada, revelou o motivo de proceder desta forma, era pelo fato de não querer expor o seu hábito em usa-las, já que poderia causar algum constrangimento o que seria motivo de gozação, vez que se encontrava só no hotel, sem que justificasse essa conduta estranha dela como mulher e não o uso de calcinhas como deveria ser. Abrindo a porta, o fiz entrar e apanhei sobre a cama as peças que lhes pertenciam a entrega-las e, dizer que ficasse tranquila que morreria ali o suposto problema.
Segura de si, menos acanhada, me agradeceu mais uma vez a discreção e compreensão, a revelar-me o motivo pelo qual mantinha esse hábito. Disse-me então, que as calcinhas atuais, de nylon, além de provocar irritações à virilha, foi recomendadas o uso em algodão, o que hoje se tornou difícil encontrar. Mas por solicitação de uma colega, passei a usar estas peças masculinas há muito tempo. Reconheço que me tolhem a liberdade quando estou for de casa, vez que não posso lava-las como faço durante o meu banho diário, pois ficaram a mostra a secar.
Mais uma vez me agradeceu pela discreção, me atribuindo ser “muito Gente” por aceitar minhas indelicadas mentiras sem que houvesse um mínimo de desrespeito a sua pessoa após querer me pagar pelas lavagens das peças. Óbvio que não aceitei mesmo depois da sua insistência. Deixando uma boa noite, seguiu ao seu aposento, certa que havia resolvido seu possível drama, pelo fato de usar cuecas...
Moral da história: Só Freud explicaria e saberia dar o tom certo a mente humana nessa melodia de um samba canção, onde é de uma nota só...
Ah... Esses turistas Ousados quando vem suas ousadias se complicarem diante de situações que são obrigados a revelarem o quanto de diferenciados são, só temos a agradecê-los pelos momentos pitorescos proporcionados, mesmo levando-se em conta a discreção que nos obriga a respeitá-los por atos impensados
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