Por Luís Cláudio de Carvalho
Mais uma vez a prefeitura de São Lourenço tenta fazer alguma coisa para melhorar a qualidade do trânsito na cidade. Está pronto mais um projeto técnico, criado pela Gerência de Trânsito e que, provavelmente, não será implantado totalmente. Dessa vez, entre os principais entraves estão a falta de autoridade e de popularidade do atual governo municipal, a pressão dos setores que se declaram prejudicados com as mudanças propostas e a natureza “clientelista” da classe política, especialmente de membros do Legislativo, que tenta agradar a maioria, com predileção especial aos mais influentes e de maior poder econômico. Os políticos continuam insistindo no erro de tentar agradar a todos. Quem quer agradar todo mundo, acaba não agradando ninguém.
Não é de hoje que o Executivo encomenda estudos a profissionais especializados e não consegue implantar o que esses profissionais propõem. Sempre existe um porém e, geralmente, se refere a uma determinada classe ou grupo, ou, ainda, a alguém “importante”. Em determinado trecho não pode ser mão única por causa do hotel de fulano, em outros não podem haver mudanças por causa dos charreteiros, dos caminhões de alugueis, dos comerciantes... e assim vai. Atualmente, o maior problema é o horário que deverá ser estabelecido para carga e descarga, no centro da cidade.
É preciso entender que a cidade cresceu muito e, além de turística, é polo regional. E o centro continua do mesmo tamanho, mas com cada vez menos espaços, devido ao grande número de pedestres e veículos. Algumas coisas são necessárias. Uma delas é disciplinar o movimento de carga e descarga. Outra é a proibição de circulação e de estacionamento de carretas e de ônibus de turismo na região central da cidade. É certo que isso pode trazer transtornos a motoristas profissionais, empresas de transportes, comerciantes e hoteleiros. Mas o interesse público tem que estar à frente dos interesses de pessoas influentes, grupos e classes.
A falta de planejamento, de diálogo, de vontade política e, até mesmo, de coragem para enfrentar os problemas, continua fazendo com que eles se multipliquem. E enquanto as decisões políticas se sobrepuserem às decisões técnicas, os interesses públicos ficarão em segundo plano.
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