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Domingo, 10 de Novembro de 2024
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De Louco, cada um tem um pouco...

Cada um com sua mania.

José Luiz Ayres
Por José Luiz Ayres
De Louco, cada um tem um pouco...
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De louco cada um tem um pouco!

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Entre a gama de particularidades que o ser humano possui, o ato de colecionar alguma coisa sempre se faz presente ao longo da vida, nos mais variados tipos de objetos e coisas ditas importantes, as quais o levam muitas das vezes a uma obcecada dedicação, a tornar o ato mais do que um “hobby” e sim, uma excentricidade obsessiva além do previsto.

Desfrutando de agradável remanso à cidade de Serra Negra – SP, em aconchegante hotel, quando entre inúmeros hóspedes, um cidadão de meia idade nos chamou atenção pelo seu comportamento egocêntrico, onde sempre isolado, solitário e esquivo a evitar contatos pessoais, mantinha-se aparentemente alheio a tudo a sua volta. Portando invariavelmente um pequeno livro; como uma agenda, o qual sempre se dispunha folheá-lo e proceder à vez por outra, anotações a nos causar curiosidade.

Aquele ato simples, nos deixava mais intrigados, ao vê-lo por varias vezes procedendo da mesma forma, sentado aos bancos das praças, lanchonetes e bares como ocorria às dependências do hotel. Lógico que aquele procedimento passou a nos trazer ainda mais curiosidade. Afinal o que tanto o levava a anotar naquela misteriosa agenda?

Numa noite, resolvemos curtir uma “tratoria” a tomar um bom vinho e ouvir o tecladista, que se apresentava de acordo com rol de eventos exposto à portaria do hotel. Quando de repente, eis que surgi a sentar-se numa das mesas um pouco afastada, a colocar sua agenda sobre ela, a ter o atendimento do garçom, que o trouxe uma garrafa de vinho e uma taça, onde servido bebericou o liquido como um “sommelier”, a degustá-lo sobre a qualidade do “buquê”, que nos pareceu aprovar e solicitar a completar a taça com vinho e, passar a folhear sua enigmática agenda, que tanto me incomodava. Mas o que se há de fazer;  aceita-la ou desconhecê-la, já que não é problema nosso e tão pouco aquele procedimento  nos trazia algo que pudesse nos interessar.

Com o passar do tempo, me dirigi ao toalete e nova surpresa, ao ver o tal cidadão deixar um dos box do vaso sanitário e se introduzir a outro e logo deixá-lo.  Mas ao deparar-se comigo, que me ocupava do lavatório, sem ação me pareceu, ao olhar-me através do espelho, expõe um semblante de olhar circunspecto a esboçar um sorriso insólito e, cumprimentou-me a dizer que estava ali em missão literária, a copilar elementos manuscritos atrás das portas, expostos por anônimos “poetas e filósofos”, em seus momentos reflexivos e solitários, ao se utilizarem das dependências restritas às necessidades fisiológicas, a extravasar os sentimentos que lhes são tomados. Segundo revelou, o que me causou certa perplexidade, é que seu objetivo destinava-se a colher dados ao seu livro, que como professor universitário de literatura da língua portuguesa, esse desejo cultural já vem amadurando há anos, dada coleção iniciada quando ainda jovem e universitário, passou a colecionar como um “fraseologia ” fosse; se é que podemos assim dizer, ou um pesquisador pelo fraseado, por locução e o significado do que a representa, quando é criada por se estar em total isolamento e solidão. Mas com o passar dos anos, a coleção passou a ser objeto de estudo, onde mesmo; como disse, não ser um psicólogo, aprofundou-se sobre a matéria complexa exposta, prioritariamente em reservados públicos, a demonstrar em simples, porém reveladoras escritas, o quão é na verdade e o que gostariam de ser e agir, mas se sentem pela frustração em não poder se libertar dos grilhões da sociedade que o vigia. Exemplificando, abriu a porta de um dos box a mostrar-me um dado copilado, onde se lia: Ah... Antônio se você soubesse...

Atordoado me pergunta: - Veja bem a frase e a interprete.: -- Qual será o objetivo desse extravasamento de quem a escreveu?

Confesso que me juguei “incapaz” por “n” conclusões e razões. No que pese a interpretação da frase, dependerá da cabeça de cada um ao lê-la, principalmente se levando em conta ao local a ser utilizado só por homens. Sem nada a dizer, meneei a cabeça e com exclamativo “tchau”, me retirei. Um tanto confuso e perplexo deixei o toalete, não podendo crer no que presenciara, e matei a curiosidade, achando que: “de louco, cada um tem um pouco” e que parodiando, externei meu pensamento; neste lugar solitário, onde a verdade  é desprezada, todo fraco faz força e ao contrário, todo valente se acovarda.

Por isso, só me resta dizer, o quão são pitorescos esse turistas intelectos, imbuído nas suas intrínsecas inteligências egocêntricas.

Retornando à mesa, comentei com minha mulher sobre o encontro casual com aquele cidadão egocêntrico do hotel, a revelar o enigmático segredo...

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José Luiz Ayres

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