Dedo duro não, dever de cidadão!
Tranquilos a desfrutarmos da exuberante natureza oferecida pelo Parque Nacional de Itatiaia, RJ, estávamos a caminhar desprovidos de qualquer preocupação, longe da agitação urbana das metrópoles, apenas entre o frescor da abundante flora e diversificada fauna, a curtir nosso prazer integrados àquele ecossistema. Ao atingirmos uma clareira, deparamos com um grupo de turistas, caracterizado pelos apetrechos que transportava como: câmeras, tripés, maletas e outros, que de certa forma nos dava a impressão tratar-se de biólogos ou estudiosos ambientalistas, vez que um deles tinha às mãos um pássaro, o qual nos parecia pela distância, observá-lo tal o manuseio minucioso com que assistia a ave, que curiosos nos aproximamos.
Todavia assim que atingimos o grupo, eis a nossa decepção ao vermos três gaiolas a conter aprisionados várias espécies de pássaros. Um tanto indignados, segurei a minha ira momentânea e indaguei, dando uma de idiota inocente, se eram ornitólogos. Sem nada responderem de imediato, apenas um deles virando-se a mim, disse que eram “colecionadores”. Insistindo, como um otário, prossegui com diálogo no intuito de saber sobre a “coleção”. Em suma, confirmei que se tratavam de predadores a usurpar a natureza de seus importantes valores, como; a liberdade e a vida de um ser vivente que tanto nos encanta ao longo de nossa existência.
Deixando-os na sua “paz ambiental” de predadores contumazes, seguimos nossa caminhada. Só que me utilizando do famigerado celular, - sempre o conduzo quando estamos a caminhar por caminhos desconhecidos por possível emergência – liguei a DP local a denunciar o crime ecológico, onde me identifiquei, mesmo a passar por jornalista do Jornal o qual sou cronista, que ali tinha a missão de produzir uma reportagem sobre ecologia naquele ecossistema.
Dada a identificação, a noite fui comunicado pelo Sr. Delegado, via telefone, que os ditos “colecionadores” foram autuados em flagrante delito pelo crime ambiental praticado, em que foram aprisionados 64 pássaros em alçapões e gaiolas, que após a contagem e classificações das espécies, foram soltos na mata. Agora, os criminosos se encontram à disposição do jornal para qualquer segmento de reportagem, após pagarem a fiança estipulada em R$1.000,00 a cada criminoso.
Satisfeito, agradeci o oferecimento e não pude deixar de enaltecer a presteza e a eficácia do contingente policial pela pronta ação desenvolvida a esses pústulas predadores da natureza. Além da crônica, tivemos a matéria sobre o crime ambiental, a qual por isso fui chamado de “dedo duro” pela denuncia àqueles ditos “colecionadores”.
Moral da história: Denunciar, não quer dizer que sejamos um dedo duro, quando é por uma boa causa, mas sim chamar a consciência aqueles que as tem sempre dura pela inconsciência nos atos que praticam...
Ah... Esses “turistas passarinheiros” intitulados de colecionadores, quando se veem em posições inversas aos seus colecionados e sentem na pena, digo, na carne, o quanto é covarde privar a liberdade para satisfazer um “hobby” ,ou o comércio ilegal, são na verdade muito pitorescos ao se ver confinado numa cela a reclamar seus direitos como cidadão, já que nada fizeram de errado!!!
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