Por Luís Cláudio de Carvalho
Assistimos com perplexidade e uma grande sensação de impotência, na semana que passou, a destruição do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, por um incêndio. Não dá para mensurar o tamanho da perda, tão grande a quantidade de objetos destruídos pelo fogo e o valor histórico e cultural de cada item insubstituível. Como sempre, a falta de investimentos financeiros e o descaso das autoridades pela preservação da história e da cultura brasileiras foram as causas de sinistro irreparável.
Mais perplexo que com o incêndio, fiquei com as manifestações das pessoas em relação ao ocorrido. Nessas horas, com a facilidade de acesso à comunicação fica fácil expressar e, também, analisar os comentários de autoridades, artistas, estudiosos e cidadãos comuns. Mas, sem querer desvalorizar a comoção causada pela grande perda e, muito menos, julgar o sentimento das pessoas, percebi o tamanho da demagogia de muitos. Pessoas que não dão a mínima para a história e a cultura, que nunca foram a um museu, que não se preocupam em saber nem onde fica o acervo histórico e cultural de sua cidade, se lamuriaram e derramaram críticas à falta de cuidado das autoridades com o Museu Nacional.
Trazendo o caso à nossa “São Lourenço Atual”, podemos fazer inúmeros questionamentos. Pouquíssimas pessoas, incluindo aquelas que tanto lastimaram o ocorrido no Rio de Janeiro, saberão responder. Para ficar só em alguns: onde se encontra, hoje, o acervo da Casa da Cultura? Onde está funcionando a Cultura? Quais as peças mais importantes? Como é composto o nosso patrimônio histórico, artístico e cultural? A história contemporânea está sendo catalogada, para compor o acervo futuro?
Agora, saindo da questão histórica e cultural e “trazendo à tona” a questão da segurança nos prédios e nos próprios públicos. Existe uma preocupação das autoridades e dos cidadãos em geral com a possibilidade de eventuais incêndios e desabamentos em São Lourenço? Todos os prédios, tanto residenciais e comerciais, possuem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB)? E as marquises, especialmente as do centro comercial, muitas pintadas e escondidas em painéis e letreiros, estão em perfeito estado de conservação? As grandes pontes, como as da Federal e do Ramon, que não foram reformadas, não oferecem riscos de desabamentos? Lembram do problema surgido na Ponte da Estação? Do transtorno que causou? Pois é. Está na hora de preocuparmos mais com os nossos “museus”. Depois não adianta chorar o leite derramado.
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