Devoção acima de qualquer suspeita...
No que retornávamos à pousada em meio da tarde, ao chegarmos à portaria no intuito da obtenção da chave do aposento, deparamos com duas religiosas, pelo menos assim nos pareceu dada as vestimentas, que aborrecidas e desgastadas dialogavam furiosas com o gerente, que aparvalhado, perplexo ,tentava se explicar diante da contrariedade argumentada pelas supostas beatas, ao sentirem-se vilipendiadas na sua religiosidade, ao depararem com algo obsceno, que as deixaram contrariadas diante da cena que foram submetidas naquela dependência da pousada, em que outras pessoas presenciaram, no que serviu até de chacota pelo espanto causado na reação das religiosas.
Mesmo após a entrega da chave, óbvio, como observador contumaz, resolvemos permanecer à sala indo à direção da mesinha do café no canto oposto, visando também justificar nossa presença no recinto. De repente, uma das religiosas, após talvez esgotar seus argumentos em desagravo ao que foram submetidas, e ainda nas justificativas do gerente, em tom de voz mais elevado a bater com punho sobre o balcão, solicita o fechamento da conta, a dizer que deixaria aquele ambiente profano indigno das famílias, onde imagens profanas eram expostas ao bel prazer às pessoas ditas de bem.
Apressadas e furiosas, afastam-se vociferando ser um sacrilégio o que haviam presenciado e não seria digno em permanecer neste antro pecaminoso e foram em busca dos seus pertences, solicitando a conta de suas presenças.
Atônito, sem jeito provavelmente pela nossa presença, aos nos aproximarmos do balcão, um tanto envergonhado, o cidadão nos indaga se por acaso notamos algo de anormal ou profano quanto a decoração sobre as estantes, onde peças artesanais em madeira expostas são nossos atrativos. Já que as duas beatas se indignaram ao dar uma de curiosas e abelhudas em tocar numa peça bem esculpida, de um dito santo ao retirá-la do local, de nome “São Fudêncio”. Pois a mesma era presa a um fio de nylon que esticado, faz elevar o “pinto ”do santo, provocando uma reação humorosa aos curiosos. Claro que tal objeto, faz parte do acervo artesanal da pousada, decorativo e cultural, entre tantos outros ali expostos bem valiosos e interessantes. Por acaso observaram a decoração ali na sala de estar?
De retorno, as emburradas freiras acertam as contas e ao retirarem-se, com uma delas benzendo-se, vira ao gerente e diz: - Que Deus perdoe seus sacrilégios e blasfêmias e que ficassem com a proteção do seu “santarrão” de nome Fudêncio e deixaram a pousada.
Moral da história : Nem sempre o que se profere, tem o endereço certo, pois no fundo no fundo bem que gostaria em ser o endereçado...
Ah... Esses “turistas pudicos”, quando que se julgam o exemplo de beatice, mas ao depararem-se com instantes que os “abalam as estruturas” e se sentem insólitos quanto a possível dificuldade que os colocam em risco sua bem aventurança, são inegavelmente muito pitorescos ao tentarem fugir de uma tentação...
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