Naquele hotel fazenda ao norte do Estado do Rio de Janeiro, à cidade hidromineral de Raposo, muito procurada não só pelos cariocas, como pelos capixabas dada a proximidade com o Espírito Santos, àquela oportunidade mantinha-se bem concorrida e movimentada, em que a variedade de contrastes de personalidades se evidenciava de fato, a demonstrar o quanto temos de ter muita perspicácia no convívio do cotidiano.
Entre estas pessoas hospedadas, havia uma em especial, que se destacava devido ao procedimento excêntrico, talvez até irreverente ou mesmo ridículo, que se expunha. Era um major do exército, desses tipos que adoram aparecer executando tarefas diversas, preferencialmente no que concerne aos esportes. Vivia toda manhã, praticando cooper, depois natação seguido aos aparelhos de ginástica e culminando às tardes com bicicletas e para encerrar participava do voleibol. Gostava de se exibir de preferência junto as mulheres, mostrando seu corpo atlético bem malhado.
Em contra partida, havia uma “mulher,” dessas misteriosas, sempre solitária aos cantos, invariavelmente acompanhada de um livro, até que uma bonita “fêmea”, que passou a ser o alvo do major pelos olhares atribuídos, visando uma aproximação.
Não demorou muito os dois já estavam ligados em papos descontraídos e passaram a desfrutar conjuntamente do dia a dia do hotel, a ponte do major abdicar de algumas práticas do seu cotidiano esportivo. Em suma o romance rolou de verdade e, a todo momento, eram vistos abraçadinhos aos beijos e carícias amorosas, a ponto dos hóspedes até se assustarem pela rapidez da romântica união.
Numa determinada manhã, a” misteriosa mulher”, deixou o hotel acompanhada do casal com o qual viera para desfrutar do aprazível e agradável local. Logo após a partida, o major chega ao refeitório e fica sabendo que a “amada”, pelo garçom, havia ido embora sem que ele soubesse. Sem ação, perplexo pela atitude dela, dirigiu-se à gerência a fim de obter alguma informação sobre as causas que levaram a partida tão abrupta. O gerente acanhado, sem jeito, limita-se a dizer que fora um compromisso inadiável. Todavia dois serviçais da portaria ficaram a rir disfarçadamente, um para o outro, o que chamou atenção do “mulherengo major”, que por isso resolveu indagar deles o que estava havendo. Preocupados com o ar de zangado do militar, os serviçais responderam com seus ares de assustados: - Major, acho que o senhor está enganado e caiu do cavalo, pois quem partiu foi o casal Oliveira e o seu amigo “Robertinho”. Se tem dúvida, quer que mostremos as fichas?
O major com “cara de tacho”, sem dizer uma palavra, limitou-se a deixar a gerência, naturalmente a imaginar como seria visto pelos hóspedes de agora em diante. Afinal sua dita reputação e seu machismo se sucumbiram perante a sociedade repressora.
Ah... esses turistas pitorescos e seus vexames, sempre nos presenteiam com episódios muito além de pitorescos ao caírem do cavalo...
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