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Domingo, 15 de Setembro de 2024
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Dr. Aristeu um servo de Hipócrates.

E seus assistidos em seus partos...

José Luiz Ayres
Por José Luiz Ayres
Dr. Aristeu um servo de Hipócrates.
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Dr. Aristeu, um servo de Hipócrates.

 

Dr. Aristeu, segundo Evandro –  um  dedicado chefe de trens da lendária ferrovia Leopoldina Railway do Rio de Janeiro – foi um abnegado médico que pautou sua vida profissional em grande parte dedicada aos menos favorecidos, nunca a se negar ao atendimento a quem quer que fosse a qualquer hora do dia ou da noite, mesmo sob intemperes, pois seu lema era saúde acima de tudo.

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Residindo à cidade de Macaé, RJ, tinha nos trens, em ida e volta como locomoção, por ter no Hospital de Campo dos Goytacazes seu campo de ação, prestando seus serviços médicos diariamente e ter seus atendimentos voluntários àqueles isolados dos centros urbanos, onde se dedicava como médico de família os assistindo regularmente em visitas periódicas. Óbvio que esta prestação comunitária de saúde, tinha entre tantos, o apoio do Evandro e outros chefes de trens, o franquiando a  locomoção pela admirável, digna e humanitária causa abraçada. Naquela ocasião, não havia quem não o conhecesse, principalmente na zona rural, em que tinha seu maior atendimento entre os posseiros, sitiantes e os  moradores  que ali residiam.

Numa ocasião, Dr. Aristeu embarcou pela alta madrugada no noturno campista, onde no carro correio alojou-se vez que saltaria em meio aos trilhos a cuidar de uma pobre mulher que tudo indicava em dar a luz àquela madrugada. O local segundo explicou a Evandro, localizava-se próximo a localidade de Dores de Macabu, tendo como referência que o ponto do desembarque dar-se-ia após o pequeno pontilhão. Este ponto de referência havia previamente sido combinado com Dr. Aristeu àquela noite, de acordo com a consulta que a mulher e o marido tiveram  pela manhã no hospital de Campos dos Goitacazes.

Lá ia o noturno varando à noite, com Dr. Aristeu atento a saborear seu café servido por Evandro, onde pequenas guloseimas eram petiscadas e finalmente com quase duas horas de viagem, lhe é dado o sinal pela aproximação do desembarque. Já próximo ao local, Dr. Aristeu bebericava o último gole de café, pegando sua maleta médica e o pequeno embrulho contendo o enxoval ao recém-nascido, prática caritativa que fazia questão de  presentear as suas parturientes, eleva-se do banco e encaminha-se à porta, cujo funcionário do correio aposto a abriria em ajudá-lo descer, tendo em vista à considerável altura na falta da plataforma. Quando de súbito ouviu-se um estrondo seguido de um tranco, fazendo sacudir o vagão que se posicionava engatado à locomotiva. Sem esperar, o doutor é arremessado para trás, onde totalmente inseguro se projeta ao madeirame lateral do vagão a chocar-se, desequilibrando, indo ao chão. Amparado por Evandro que o ergueu a catar seus pertences e a indaga-lo se havia se machucado, mas como a resposta fora negativa, Evandro empunhando o lampião desce aos trilhos e então se integra do ocorrido ao ver  dois peões apavorados e um a dizer que o animal da charrete, talvez tenha se assustado pelo trem e lançou-se sobre os trilhos ocasionando o acidente, em que o colega charreteiro nada sofreu, pois foi atirado ao leito margeante e o animal escapou enveredando  por dentro do negrume no canavial, levando consigo os arreios, já que os varões  do veículo quebraram-se com o impacto, bem como a charrete destroçada.

Ciente de tudo, Dr. Aristeu após examinar o sortudo charreteiro que meio fora de sintonia, trôpego, recuperava-se do susto sob a luz do lampião, foi constatado que Graças a Deus nada sofrera além de alguns arranhões. Auxiliado por Evandro, o médico um tanto desolado, diz ao vitimado peão, que poderia providenciar nova charrete que pagaria, pois fora indiretamente o culpado do ocorrido.

Ajudado a subir à garupa do cavalo do outro peão, mesmo lamentando, agradeceu aos amigos e dentro da noite sumiu na escuridão em caminho da sua parturiente que o esperava. Afinal seu rebento estava por nascer. Enquanto isso, o charreteiro vítima do acidente, ficou a tentar encontrar o seu animal que se embrenhara no canavial.

Com os ferroviários a bordo, partiu o expresso noturno campista levando consigo como bagagem, mais um episódio, que hoje incorporado ao nosso acervo, transcrevo aos leitores, pois fará parte como outras centenas de fatos, de um legado histórico que ficará registrado a nossa coletânea, enquanto houver interessados em conhecer do lirismo do que representou um trem chamado carinhosamente de Maria Fumaça e desse homem digno chamado Dr. Aristeu, um servo de Hipócrates em prol do verdadeiro amor a medicina, num exemplo a ser seguido na atual conjuntura brasileira... Onde a tecnologia avançada trás a nós uma maior esperança de vida, no que pese os profissionais da saúde fiquem um pouco a desejar nos atendimentos públicos.

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