Dr. “Bombril” e suas utilidades...
Certa vez, estávamos nós imbuídos nas nossas excursões turísticas, a curtir a região serrana fluminense da serra Azul, mais precisamente na cidade de Vassouras, onde a tínhamos como nosso referencial, hospedados em um excelente hotel, em que nosso roteiro a circunvizinhança era o objetivo, tendo em vista por algum tempo não percorríamos tais localidades.
Esta região por volta do século XVIII tinha o seu potencial econômico, baseado no ciclo de café, onde os Barões e baronatos, se sobressiam junto a Corte Imperial no Rio de Janeiro através de imensos latifúndios, cujas fazendas dominavam ‘se tornando majestosos casarões, em que pela opulência, passavam ter certa influência junto a Corte. E assim com o passar dos séculos, tivemos um domínio comercial, principalmente pelo café, sem contar com outros produtos como: Cana de açúcar, ainda os resquícios do Pau Brasil, e madeira de um modo geral, ouro apenas na utilização de moeda de troca, enfim a região passou a ser a menina dos olhos do Império até mesmo com o advento da “corrupta” República dos ditos republicanos.
No nosso Hotel, havia um grupo de senhores de meia idade, que segundo ficamos sabendo, fazia parte de estudiosos de uma universidade, cujo objetivo versava sobre estudos inerentes a cultura do café de um modo geral e sua expansão e desenvolvimento. Segundo nos revelou o gerente, este grupo de doutos, compunham-se de renomados catedráticos, biólogos, agrônomos, engenheiros, fruticultores, enfim era de fato um grupo de respeito constituído de pessoas que evidenciavam formações culturais elevadas dentro de suas cátedras, dada a versatilidade dos diálogos que casualmente ouvíamos. Todavia, aquele esbanjar de sabedoria e inteligência não se fazia condizente com o comportamento, e onde a empáfia e prepotência se evidenciavam a demonstrar certo menosprezo até discriminatório sobre as pessoas ali hospedadas. Com a convivência diária passamos a observar que entre os “doutos”, havia em especial, um que se destacava, ou seja, tendo o conhecimento eclético, pois em tudo dava sua opinião e sempre se envolvia em acirrados debates e diálogos querendo impor suas teses doutorais e teorias. Por esta demonstração de versatilidade a “plebe” o apelidou de Dr. Bombril. O homem que entende de tudo, o homem de 1001 utilidades.
Numa tarde o grupo ao retornar de suas pesquisas, exausto e ávido por um banho quente, visando não só relaxar, mas se aquecer, pois a tarde já se fazia um tanto fria, parte do grupo dirigiu-se ao bar do hotel na busca de uma bebida quente e parte foi à procura do apartamento. De repente um deles, o que foi ao aposento, e se chega ao bar, diz que seu chuveiro não esta esquentando. Dr. Bombril ao ouvir o colega, sai afirmando que resolveria o problema. Não demorou, retornou confirmando que tudo fora simplesmente solucionado e o banho quente estava garantido.
No jantar por volta das 20 horas, à mesa dos doze “doutos” faltava um deles, justamente o que reclamara do chuveiro. Motivo, foi a farmácia tentar imobilizar o pé esquerdo pelo chute que dera à parede do box, devido ao choque elétrico recebido ao ligar o chuveiro, quando pôs-se sob a agua. Sorte que a corrente elétrica era de 120 volts e não 220 volts, pois poderia ter morrido. Com a carga elétrica recebida, em cuja corrente elevou-se pela água, pois descalço, nu, o impacto do choque o fez se tremer, a levá-lo a chutar a parede do box.
O Dr. Bombril, simplesmente esqueceu, ou não sabia, que o fio “terra” do chuveiro, tem sempre de ser aterrado a parede e não no cano de agua a tornar o mesmo energizado, cuja consequência pode vir a matar a quem se utiliza desta forma. Por sorte, seu amigo não foi pra o “espaço” e Dr. Bombril caiu por terra...
Moral da história: Tenha sempre cuidado com os “doutores Bombril” da vida, pois eles se dizem de 1001 utilidades, quando não passa de simples esponja limitada sua utilidade comum.
Ah... Esses “turistas ecléticos” que entendem e tudo, mas quando se desentendem consigo mesmo, nos fazem entender porque são muito pitorescos.