Ao deixarmos o estacionamento do hotel o nosso veículo, e caminharmos à direção da portaria depois de agradável noitada em aconchegante tratoria a ouvir melodioso teclado, entre uma deliciosa degustação de petisqueira acompanhado de vinho de alto buquê, em meio a madrugada, cujo frio dando sua cara, já nos recomendava o retorno ao hotel e declinamos em aceitar. No trajeto até a portaria do hotel, ao iniciarmos a caminhada pelo jardim, um baque surdo quebrou o silêncio e nos assustou ao notarmos que adveio de silhueta que se esgueirava escondendo-se às sombras das folhagens e arbustos, após o ruído característico do fechar de janelas.
Preocupados e porque não apreensivos, nos detivemos, quando o vulto deixou o local às pressas se ajeitando e penetrou pela porta lateral do edifício. Mesmo um pouco distante, reconhecemos o cidadão a nos tranquilizar, embora aquele procedimento estranho nos tenha deixados um tanto surpresos, confusos e o porquê não com a pulga atrás da orelha....
Pela manhã ao passar na portaria em direção ao desjejum, um bate-boca acontecia entre o solícito gerente e um hóspede irritadíssimo, que se mostrava indignado a exigir explicações pela negligência do hotel, em que se recusava a assumir responsabilidades pelo ato, supostamente, praticado por seus serviçais.
Concluído o “breakfast”, ao retornarmos, observamos que o entrevero prosseguia ainda mais áspero, com o gerente a engolir sapos e o gorducho careca a esbravejar. Só que agora exibia uma cueca azul salpicada de bolinhas brancas, a qual pelo que percebemos dado ao diálogo acirrado, não lhe pertencia. Inclusive pelo tamanho exposto ao estica-la a mostrar ao pasmado gerente. Pelo visto, dada a ênfase e totalmente desarticulado, exigia esclarecimentos em como aquela peça íntima foi parar sobre sua cama embaixo da colcha e, que em razão do estranho ocorrido, a mulher “desconfiada” pedia explicações reais e verdadeiras, sobre o aparecimento ali, na cama, da cueca, a colocar em dúvida sua heterossexualidade...
Olhando minha mulher que também sorria, nos lembramos da cena da madrugada e concluímos que o hóspede visto nu no jardim a se esgueirar, era sem contestação o pivô da encrenca. Matamos a enigmática charada! “Possivelmente na pressa, o Casanova ao deixar o quarto da amada, esqueceu ou deixou cair a cueca pela surpresa na chegada ao quarto, do marido por ter deixado a sala do carteado do pôquer mais cedo em que sempre frequentava. Encontrada a peça íntima, a mulher, malandramente, astuta resolveu inverter as coisas cobrando do marido explicações sobre sua bissexualidade. Óbvio que tal atitude veio a causar problemas espinhosos ao nosso “chifrado”, não atinando para esperteza da mulher em livrar-se do adultério praticado...”
Moral da história: Engolindo sapos o gerente assumindo, regurgitou as explicações desejadas, trazendo a paz entre o casal sob um “azul” salpicado de bolinhas brancas...
Ah... Esses Turistas Mansos quando pelo “machismo” exigem providências enérgicas pra lá de jocosas, cujas explicações são importantes para provar o quanto de machões são constituídos, não passam de uns passivos acima de qualquer suspeita, a nos oferecerem momentos bem pitorescos... Pois no dia seguinte, o casal já desfrutava de juras de amor, em romance aos quatro cantos do hotel...
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