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Terça-feira, 21 de Janeiro de 2025
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Em busca da auréola perdida...

Uma graça foi alcançada.

José Luiz Ayres
Por José Luiz Ayres
Em busca da auréola perdida...
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Em busca da auréola perdida

 

          Aproveitando-me de um fato ocorrido quando desfrutávamos do admirável passeio turístico no trem de São João Del Rey a Tiradentes, onde um dos turistas ao olhar debruçado à janela do vagão teve seu imponente chapéu de “cowboy” projetado fora do trem, mesmo com toda gesticulação na tentativa segurá-lo e evitar a queda e evidente  perda, me fez recordar de um episódio narrado pelo saudoso Monsenhor Barbosa na ocasião que ciceroneava o não menos famoso, Dom Hélder Câmara, ao visitar a região sul-fluminense em missão pastoral.

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          Indicado pela sub-sede da arquidiocese de Valença a receber e acompanhar tão proeminente personalidade foi recebê-lo em Barra do Pirai. Embarcados, lá iam em direção à cidade de Valença, quando após  a parada de Quirino, D. Helder teve o seu chapéu de aba voado da cabeça pelo vento ao se debruçar à janela, a deixar todos da comitiva; composta de dois seminaristas, um diácono e óbvio padre Barbosa um tanto tristes. Afinal aquele chapéu, segundo D. Helder, o acompanhava, segundo revelou, há décadas, desde as suas peregrinações pelo tórrido e abrasador sertão nordestino durante sua evangelização. Mas conforma-se em tê-lo perdido, pois sua missão ali era bem maior que um mero objeto dito de estimação. Padre Barbosa ainda recorreu ao auxílio do chefe do trem, que infelizmente nada pode fazer, a não ser solicitar de alguém na estação de Valença, que possa percorrer o leito férreo na expectativa de encontra-lo.

 

         Chegando a Valença, após o desembarque, padre Barbosa, penalizado pelo que ocorreu a D.Helder, ainda tentou junto ao chefe da estação a tentar achar a chapéu de abas do iminente e ilustre visitante. Ao caminharem à direção da praça onde um veículo os aguardava, o seminarista aflito diz que Amaro, outro acompanhante,  não havia se unido a eles. Preocupado, Barbosa retorna à estação no momento que o trem partia e observa que a plataforma já se mantinha sem qualquer pessoa. De volta dá a má noticia e, seguindo à casa paroquial, ficou no aguardo do jovem Amaro, que talvez tenha seguido no trem, por haver cochilado e não observou que já estavam em Valença, ou mesmo tentado pular do trem em busca do lendário objeto pertencente a D.Helder. No que seria uma loucura!

 

          Com mais de duas horas passadas, debaixo, agora, de muita preocupação pela ausência estranha do seminarista, Amaro, de súbito entra à sala a governanta, dizendo que um moço todo em desalinho e sujo procurava por D. Helder. Padre Barbosa dirigindo-se a porta espanta-se ao ver o jovem, tendo às mãos um chapéu e um pé de alpargata franciscana. Assustado o convida a entrar, e o levou à presença do D. Helder; que ao se deparar com o mesmo, naquele estado, boquiaberto recebe seu estimado chapéu a indagar como o havia conseguido. Abismado ficou, ao saber que havia pulado do trem em movimento. Se benzendo, D. Helder perplexo pela atitude desmedida do rapaz, o recrimina alegando que podia ter morrido agindo dessa forma, pois poderia ter caído batido com a cabeça em algo que provocasse um grave ferimento ou mesmo a atração, como diz a física: que massa atrai massa na razão direta e ser atraído para baixo do vagão, pela força da massa que  desloca.  O jovem esboçando leve sorriso proferiu: - Mestre, como poderia deixar um santo como o senhor sem vossa aureola? Tinha fé em Deus que nada me aconteceria. Portanto ao ver a tristeza exposta em vosso semblante só me restou pular do trem. Caminhando sobre os trilhos por algum tempo calçado só com um pé de sandália, a ferir-me sobre o pedregal, sempre orando contrito a Deus, encontrei encaixado a um moerão  da cerca margeante a via a sua auréola. Por isso me sinto feliz, recompensado e agradecido a Deus pela graça alcançada, cuja intercessão por vossa abençoada presença sem duvida foi fundamental ao sucesso!

 

         Abraçando-se a D.Helder, beijou- lhe as mãos a pedir desculpas pela ação praticada, mas agradecia pela graça alcançada quando se lançou daquele trem em movimento com a certeza que Deus o mostraria o seu sagrado chapéu. Padre Barbosa, estupefato  diante daquele momento tão tenso, onde esteve sobre tensão a imaginar o pior ter acontecido ao pobre seminarista, solicita a todos ali presentes que rezem em agradecimento a Deus por o ter protegido na bela e perigosa missão.

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