Em recente encontro com o promotor Marcos Paulo de Souza Miranda, ícone da cultura em Minas, também apresentador com o juiz Bruno Terra Dias, com o jornalista Manoel Hygino dos Santos e com o desembargador Doorgal Andrada, da trilogia “Restaurações Singulares no Brasil e Outras Experiências Acerca do Patrimônio Nacional”, de Eugênio Ferraz, avaliávamos, os três, a conveniência e oportunidade do lançamento dos dois primeiros volumes já editorados, que tiveram o apoio da CEMIG e da CBMM, versando sobretudo aspectos de manutenção - ou sua ausência, com seus elevados custos futuros neste caso - na área pública.
Deste instigante assunto, como era de se esperar, outros temas relativos aos valores maiores do processo civilizatório de Minas Gerais e do país vieram à baila. Nesse especial momento, em que o Chefe do Poder Executivo mineiro coloca em xeque a aposição de retratos do governante em órgãos públicos, argumentando ser contrário a culto da personalidade do gestor político, parece oferecer-se hora oportuna para lembrar à cidadania o conteúdo da Lei no 4.897, de 9 de dezembro de 1965 e do Decreto estadual no 9.220/65, impositivos da efígie do herói em escolas e repartições públicas, o que não pode ser olvidado.
De Minas Gerais, surgiu o mais importante movimento formador da identidade nacional; o patrono das artes no Brasil, Antonio Francisco Lisboa; os gritos republicanos dos Otoni; as esperanças, por mortes prematuras frustradas, de João Pinheiro e Tancredo Neves; a era desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek; a reserva moral de Milton Campos; o sentido da responsabilidade de tantos nomes que se notabilizaram por obter ou buscar, com risco pessoal, o equilíbrio da Nação nos momentos mais conturbados e difíceis. Minas Gerais é pura memória!
A lei federal e o decreto estadual não merecem as prateleiras do esquecimento.
Sua eficácia deve ser resgatada, a alma de Minas Gerais deve ressurgir, como na Canção do Herói, de Marcus Viana, feita para a Comenda da Liberdade e Cidadania. Hora de se aprumar, endireitar a coluna, escolher o bom caminho, orientar os que se dispersaram e fortalecer a civilidade, com apoio das instituições e das pessoas cujo espírito forjou-se nessa terra de minérios e atual concentrada tristeza; berço de quem sabe o peso de seus passos.
Sem qualquer resquício de promoção pessoal, a aposição da imagem de nosso herói maior, Joaquim José da Silva Xavier, patrono cívico da Nação, tal como determinado desde 1965, é imperativo, como exemplo e pilar ético para todos. Minas Gerais deve dar exemplo de civismo.
A Imprensa Oficial usava papel estocado para produzir os retratos oficiais, o que se pode fazer com a imagem de Tiradentes, para enaltecer o herói nacional e cumprir a lei, aproveitando as molduras existentes; respeito, zelo e probidade.
Bruno Terra Dias, juiz de direito, escritor, ex-presidente da AMAGIS e Eugenio Ferraz, engenheiro e jornalista, ex-superintendente do Ministério da Fazenda em MG e ex-diretor–geral da Imprensa Oficial, ambos membros do IHGMG.
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