Em solo interiorano, picaretas agem melhor...
Ao deixar a agência bancária em meio da manhã, à cidade de Serra Negra, SP, à porta fui abordado por um rapaz, dizendo-se estudante universitário, que me apresentando um encarte publicitário me oferecia de uma editora a aquisição de assinaturas de algumas revistas acompanhadas de sua identificação, como comprovação da lisura da sua abordagem, no que o atendi.
Com bom papo, descontraído e atencioso, antes que me mostrasse desinteressado, disse-me que a aquisição da assinatura não envolveria dinheiro, pois estaria vinculada ao cartão de crédito. Seu objetivo baseava-se em melhorar sua renda, já que como universitário e bolsista, tinha nessa tarefa a possibilidade de ajudá-lo no sustento, a pagar a república em que residia e a sua alimentação pela comissão na venda das revistas. Em seguimento a conversa em não deixar a “peteca” cair, indagou-me se possuía cartão de crédito e solicitou-me a vê-los visando, segundo disse, a data da validade.
Já desconfiado, mas querendo ver até onde ia sua ousadia e esperteza, resolvi mostrar-lhe. Só que não o entreguei, embora tentasse obtê-lo solicitando para verificá-lo às suas mãos. Óbvio que me recusei, a se contentar em observar a data de validade em minha mão. Evidentemente a sentir minha cautela, resolveu me agradar presenteando-me com outra revista encartada num plástico, a dizer que era erótica e certamente iria gostar. Afinal eu era do tipo de homem que transbordava em virilidade. Olhando-o de cima a baixo, agradeci pela revista e ao deixa-lo, ainda me pediu uma ajuda à caixinha, em que deixei uma moeda de 1 real.
Ao deixar o local, observei que outros dois jovens, também estavam ali a vender assinaturas, inclusive um deles abordava falante um senhor, hóspede do nosso hotel e até pensei em esperá-lo. Só que dado ao papo animado e recíproco, resolvi seguir meu rumo.
Quando já no hotel, no estacionamento, preparávamos a sair, o tal cidadão se chega acompanhado da sua mulher. Ao deixar o veículo, fui ao seu encontro no intuito de saber sobre o jovem da assinatura Sorrindo, disse-me que foi tudo tranquilo, pois o jovem estudante o havia cativado, ao falar sobre sua vontade de vencer dedicando-se aos estudos se submetendo à venda de assinaturas de revistas nas horas vagas, Penalizado deixou-lhe uma boa gorjeta à caixinha, além de adquirir uma assinatura da revista de jardinagem. Diante da revelação, indaguei se havia verificado o seu cartão de crédito. Reticente, disse que sim e o porquê da preocupação. Um tanto irônico tirou da pouchete o mesmo a mostrar-me e disse: - Esta ai, pode ver! Sentindo-me um idiota, retruquei indagando se era mesmo o seu cartão. Continuando a sorrir, o olhou... E enfim a surpresa! O cartão não era o dele, havia sido trocado.
Moral da história: Por mais que nos consideremos espertos e atentos, um bom papo sempre nos deixa desconfiados, principalmente quando a questão nos toca intimamente...
Ah... Nós “turistas Humanitários”, adeptos de discursos que nos tocam no sentimento quando sentimos à vontade em ajudar, a esquecer de que em contrapartida existem muitos que sabem aproveitar desse nobre sentimento, somos sem dúvida além de otários, uns eternos pitorescos... Pois é, mesmo não sendo mineiro, sempre fui e sou um eterno desconfiado. Para me lesar, tem que ser muito esperto e possuir muita lábia. Mesmo assim vai ser difícil... Sou capaz até de possuir mais esperteza a enrolar o espertalhão!!!
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