Entrou como Leão... Saiu como cordeiro !
O inverno dava sinais de aparecer e nós que excursionávamos por aquelas plagas gaúchas pelo estado de Santa Catarina, mais precisamente à região central através da Serra Geral, àquele dia após partirmos da cidade de Trombuco Central, pequena estância hidromineral e, percorrermos quase 230Km de belas e indescritíveis paisagens, chegamos a cidade de São Joaquim, famosa pelo fenômeno brasileiro da neve, -- divirjo desta opinião, por vir a conhecer a neve no Rio de Janeiro, em Itatiaia no ano de 1988, e seguidamente em 89 e 91 onde foi registrada a temperatura de -9° graus no maciço das Agulhas Negras, de acordo com o IBGE.
Embora na oportunidade o prenúncio de um rigoroso inverno se fizesse presente, a movimentação de turistas ávidos por conhecer a neve, já curtia o inverno de olhos e ouvidos aos noticiários radiofônicos e televisivos. O que em consequência vinha a deixar os hotéis com a lotação máxima de ocupação. Todavia por nossa sorte, e indicação de um guia de turismo, fomos conduzidos a localidade de Bom Jardim da Serra a pouco menos de 25 km de São Joaquim.
A fazenda a nós oferecida era sem dúvida um deslumbre, em que a liberdade e sossego se projetavam a um simples olhar para onde fosse. O passadio então, nada que causasse algo de indesejável. As acomodações rústicas e centenárias dos aposentos e dependências, decoradas com muitíssimo gosto nos levava a crer que estivéssemos no século XVIII. O sistema de calefação de excelente qualidade nos deixava no que pesem os agasalhos, bem confortáveis.
Outro detalhe importante que veio a nos proporcionar um agradável bem estar, foi o congraçamento havido entre todos os presentes, em uma convivência harmoniosa como fossemos irmanados em uma só família. Mas como todo grupo existem sempre aqueles que se sobressem por alguma razão em qualidades positivas ou não. E assim, foi quando observamos um casal que fugia à regra. Ele destacava-se por ser muito extrovertido e excessivamente falante, dotado de enorme versatilidade sobre os assuntos abordados em conversas comuns entre os hóspedes. Sua atividade profissional, era ser um cidadão tranquilo e financeiramente bem resolvido na vida, pois vivia de arrendamento de suas terras aos grandes produtores de tomates atuando apenas como meeiro sobre os lucros das safras na região da serra Azul no estado do Rio de Janeiro, onde era conhecido como um dos grandes latifundiários do sul Fluminense. Só que não esperava que dois dias depois, distante a mais de 1.500 km, um conhecido e cliente seu, oriundo da localidade de Avelar, realmente produtor agrícola e também de tomates, chegasse a hospedar-se naquele hotel fazenda. Óbvio que as “grandezas” ali anteriormente expostas sucumbiram perante a realidade dos fatos. Afinal o Latifundiário era vendedor de adubos, conseguido através de limpezas de currais efetuadas às fazendas da região do Estado do Rio de Janeiro.
Moral da história: Nunca devemos apregoar aquilo que não somos visando talvez um estatus, uma posição de destaque, enfim querer se impor por mentiras daquilo que gostaríamos de ser, pois como diz o ditado, “a mentira corre anos, mas um dia a verdade alcança e ao alcançar-nos, nos deixará além de ridicularizados, também desacreditados”...
Ah... Esses turistas mentirosos que ficam a coçar suas gargantas, mas quando se engasgam, não há tosse que os faça desengasgar e, por isso, nos proporcionam instantes lamentavelmente muito mentirosos, mas que de algum modo são de fato extremamente pitorescos...
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