Era medieval no século XXI
Ano 2005, local Brusque, SC, ocorrido a reportar a era medieval, ou ao feudalismo ou até mesmo aos hunos, vikings, etc...
À porta do hotel enquanto aguardávamos à chegada da VAN que nos conduziria ao giro turístico pelas terras dos hospitaleiros barriga verde, a admirar o tranquilo movimento urbano, em que o trânsito de veículos e pedestres harmoniosamente chamava nossa atenção, tal a civilidade e respeito demonstrados, quando uma hóspede trintona cumprimenta-nos, deixando o hotel põe-se a caminhar.
Nisso um cidadão talvez pra lá de sessentão que vinha em sentido contrário, ao passar pela exuberante e chamativa mulher, para e vira-se a admirá-la, evidente, dado a expressiva plasticidade escultural que era dotada. Porém, outro cidadão que deixava o hotel logo a seguir, ao passar pelo admirador que curtia seu prazer platônico, bate-lhe ao ombro e vocifera a ponto de ouvirmos suas palavras: - Ô cara petulante, vê se enxerga. Esta mulher tem dono que sou eu. Não sei se vou aceitar isso, seu decrépito imbecil e galanteador barato, ou lhe arrebento a cara agora!
O “coroa” surpreso pela atitude, mostrando-se calmo, de pronto rechaçou o agravo com civilidade, respondendo que olhar não tira pedaço. Além do mais o que é bonito é para se ver e admirar. O “cavaleiro medieval”, sentindo-se “ultrajado” e ofendido, com certa fúria e agressividade disse-lhe que enfiaria a mão na cara, caso não pedisse desculpas. Nisso a mulher pivô da encrenca se chega, a tentar apartar o entrevero, onde seu marido exaltado e furioso não se conformava em não ter as desculpas e pegando a mulher pelo braço a arrasta até o hotel aos trancos e barrancos, a ponto da mulher perder um dos pés de sapato no deslocamento pela calçada em cena vergonhosa. Observando o momento patético, lembrei-me que estávamos no século XXI e não na era medieval, onde as mulheres subservientes e submissas eram inferiorizadas em relação aos homens seus senhores e donos, sem o que, sofriam toda sorte de maus-tratos quando eram olhadas por outros, que por sua vez acabavam sendo sacrificados com a morte pela ousadia, já que elas tinham seus donos.
Não me contendo, fui até o cidadão que fora agredido por palavras, a elogiá-lo pela atitude calma e serena com que enfrentou o “ELMO”; digo agressor, que tem na arrogância e prepotência sua “civilidade” a impor seu feudo machista ainda em plena atualidade...
Moral de história: Machismo é a forma de se ocultar a incompetência em saber de fato amar uma mulher...
Ah... Esses turistas machões que têm a masculinidade insegura e às vezes duvidosa a apelar e se reportar ao período medieval suas “qualidades”, são muito debiloides e nos propiciam bons instantes pitorescos, mesmo agindo como bárbaros e trogloditas ou mesmo um neandertal...
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