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Terça-feira, 25 de Marco de 2025
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Feijoada só não levanta defunto

Hábitos interioranos ainda perduram...

José Luiz Ayres
Por José Luiz Ayres
Feijoada só não levanta defunto
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Feijoada só não levanta defunto...

Procedentes da cidade de Vassouras (RJ), depois de curtirmos por uma semana as cidades circunvizinhas, em que se tornaram famosas as majestosas fazenda, que fazem parte de um grande acervo patrimonial secular, intitulado do círculo do café, pelo adiantado da hora, e notadamente pelo natural cansaço à direção do automóvel, optamos na utilização da localidade de Morro Azul , segundo consta, Distrito de Miguel Pereira, num hotel já por nós conhecido de muito boa hospedagem com ótimas acomodações. Então ali chegamos por volta de 17,30hs.

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            Após nos acomodarmos ao apartamento, relaxarmos depois de um bom banho quente, claro que a “fome” passou a nos torturar e resolvemos sair à procura de nos alimentar, vez que a localidade é bem precária no que concernem as degustações e, pela hora, já se tornaria difícil ter alguma lanchonete operante onde pudéssemos comer algo. Felizmente ali quase junto ao hotel, tinha um estabelecimento comercial em que nos pareceu servir algum tipo de alimentação.

            Caminhando à sua direção, cruzando a simpática  pracinha em que algumas pessoas se encontravam, penetramos ao dito restaurante, onde nos sentamos e fomos atendidos por um rapaz humilde a nos indagar se iríamos jantar, pois devido ao falecimento de um senhor, SR Herméterio, músico que era o responsável pela famosa Folias de Reis, há mais de 30 anos tocando Bombardino, Por isso não serviriam aquela noite jantar, mais tem uma sopa de legumes ou canja que temos a servir. Mas se quisessem, poderiam participar da feijoada que será servida a partir das 20,30hs, ao custo de R$ 5,00 com direito a repetição. A importância visa ajudar em contribuição as exéquias do finado no sepultamento.

            Logo em seguida a nossa chegada, outro casal, por acaso também hóspede do hotel Morro Azul, que após nos cumprimentar e se apresentarem, indaga sobre o jantar e passamos a eles a informação que obtivemos. Ficamos então a pensar o que degustaríamos e optamos em indagar no ponto de taxi, onde dois veículos estacionados, seus motoristas conversavam, nos informassem talvez sobre padaria na cidade existente.  Mas para nosso ideal, nos informaram que infelizmente não poderiam nos servir, pois iriam participar do velório do querido Hermetério, onde uma saborosa feijoada seria oferecida e uma  seresta em homenagem ao “de cujus” o saldará executando belas e memoráveis canções até o início da alvorada ao raiar do dia, em que padre Juventino rezará missa de corpo presente, depois de um suculento café da manhã.

Logo em seguida, após deixarmos os taxistas e caminharmos ao hotel, o casal se chega a nós a indagar-nos se os taxis estavam disponíveis. Demos a informação que os taxistas nos passaram e o casal nos perguntou, já que os mesmos iram ao velório, se não poderiam levá-los também a   participar do evento. Juntando a fome com vontade em assistir e ouvir a serenata pela noite, até quando o sono permitir. Olhando ao cidadão, esboçando um leve sorriso, o respondi que preferiria uma macia e gostosa cama em que embalados pelos sonhos a esquecer da fome e a seresta.

Pela manhã, aos nos encontrarmos no desjejum e perguntar do cidadão se eles foram ao evento, assustado o cidadão nos narrou, que ao atingir o local, deram de cara com uma quantidade enorme de pessoas sob o som da  clássica música Boemia, a cantarem com seus pratos as mãos, sentados e de pé degustando aromática  feijoada regada a muita Ypióca e outras cachaças, próximo a uma farta mesa onde os quitutes expostos se mostravam apetitosos e fumegantes a exalar aroma penetrante do panelão contendo a feijoada.

Sem conhecer ninguém, dirigimo-nos ao interior da casa à procura da viúva do Sr. Hermetério. Mesmo com a sala repleta de pessoas a degustarem as delícias daquela feijoada sob um falatório incompreensível, conseguimos por informação, chegar a triste criatura, que agradecendo as condolências, levou-nos a copa da casa. Com um susto, entre falatório dos presentes, lá estava sobre a mesa, à urna funerária onde coberto de flores, jazia ao  “vivo”, o corpo do finado Hermetério, que mesmo sem o ter conhecido, procedemos nossas orações de praxe  com o eterno vai com Deus... E sermos servidos pela viúva com a fumegante feijoada, a dizer que este velório era de acordo com o pedido do “de cujos” aos amigos da cidade,  do grupo dos músicos  e como aqueles que aqui chegassem seriam Bem-vindos pela presença. Neste instante por coincidência   ou não, começamos a ouvir a música famosa de nome Fita Amarela. Deixamos o velório já passavam das 2 horas da manhã. Conduzido pelo taxista que nos dei carona até o hotel.

Moral da história: De velório a seresta, no interior tudo é festa...

Ah... Estes turistas bicões, amantes de serestas e de “bocão livre” , quando são surpreendidos por situações atípicas forçadas a ter que aturar momentos soturnos por feijoadas, são de fato além de esfomeados, uns “carpidos” e porque não, morbidamente uns pitorescos...

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