Fez errado assuma, pois tem volta...
Em determinada ocasião estávamos em viagem no ônibus de carreira interestadual, com destino à cidade mineira de Alfenas, onde procederia sua primeira parada à cidade de Resende, RJ, cujo tempo determinado previa apenas 15 minutos. Ao retornarmos ao coletivo, uma surpresa se evidenciou, com a presença junto à janela de um cidadão tendo uma criança no colo. Educadamente, me dirigindo ao homem, a mostrar-lhes os bilhetes que o lugar era nosso pelas passagens adquiridas no Rio de janeiro. Mostrando-se à dificuldade com a criança em querer a janela, como esta estava vaga, me sentei e, sendo vocês os donos das poltronas, que procurassem outros lugares.
Sem atritar-me, procurando ser paciente, já que teria de movimentar meus pertences do bagageiro interno a outro local, não concordei, exigindo que deixasse o local e procurasse o que estava impresso ao seu bilhete. O que não demorou a fazer mesmo sobre resmungos, os quais me fiz de desentendido a evitar mais polêmica.
Um casal que se posicionava as poltronas do lado oposto, que óbvio ouvira os diálogos, passou entre eles a tecerem comentários desairosos e recriminatórios, a considerar minha atitude muito radical e, claro, bem desumana. Embora tivesse vontade em rebater seus pessoais comentários, optei a desconhecer o que falavam Mas confesso que passei até pensar se não teria sido de fato um tanto cruel com o cidadão que se ocupou do nosso lugar.
Na cidade de Bragança Paulista, na ocasião de segunda parada, depois de recorrido o tempo desta vez mais alongado, no que retornamos ao veículo, observei à poltrona do casal que havia sido contrário a minha atitude, a qual me taxou de desumano, uma senhora acompanhada de uma meninota, que denotava serem pessoas simplórias e humildes a ocuparem o par de poltronas. Quase de imediato, o casal se chegou, que claro, se espantou e foi logo vociferando: -- Senhora, este lugar é meu! A menina olhando o casal tocou na senhora e falou: -- Vó o moço esta te chamando! Olhando o homem proferiu: -- O que é moço? Respondeu um tanto espantada fixando-se ao indagador, que de maneira contundente, o mesmo agora demonstrando certa ira, Esbravejou: -- que este local que se apropriaram nos pertence e fossem procurar suas poltronas. Retrucando, a vovó disse que havia comprado às passagens e não havia o porquê deixar o local. O homem triplicou: -- Não me interessa, vai saindo logo do meu lugar e procure o seu, ante que perca minha paciência sua velha atrevida...
Assustadas com a fisionomia transtornada e carrancuda do homem, a senhora e meninota erguem-se do lugar indo se alojar ao fundo do ônibus, trôpegas pelo desequilíbrio no movimento do coletivo.
Sorrindo, olhei o casal fixamente, meneei a cabeça de forma negativa e, em voz clara e pausada proferi: -- Que coisa desumana, que insensibilidade... O senso de humanidade só é demonstrado quando não é em causa própria...
Moral da história: Falar, criticar, defender, demonstrando sensibilidade humanidade e generosidade quando não se vive o problema, é fácil, mas quando se esta envolvido diretamente nele e temos os direitos “violados “e “cerceados” como cidadãos, é que vemos o quanto a hipocrisia supera estes sentimentos.
Ah... Esses Turistas hipócritas quando se esquecem das suas atitudes “dignas e humanas” e se revelam o quanto de fato não são aquilo que demonstram ser, fazendo da hipocrisia a real virtude, nos proporcionam momentos verdadeiramente lamentáveis, muito embora bastante pitorescos... Vida que segue, apenas são fragmentos da vida.
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