Floriano também trouxe sua história
Esta semana, resolvi recordar de mais uma das histórias narradas por meu pai Luiz Ayres, baseada em fato ocorrido, cuja repercussão, na ocasião quase se tornou uma história à cidade de Boa Esperança (MG).
Contava-se que por volta de 1930, um senhor, ex-ferroviário de nome Floriano, vivia pela cidade a depender da caridade pública , onde sempre portou-se como pessoa humilde, educada e que dado aos problemas pessoais, teve na viuvez distúrbio neurológico e, que em razão, passou a mendigar visando viver as expensas daqueles que por pena e pelo passado do cidadão na estação ferroviária e, que mesmo após seu afastamento da rede, tinha hábito, além de varrer a área fronteiriça e a própria gare, costumava atender as pessoas que o procuravam a fazer algum serviço como; carpina, limpezas de terrenos, e outros Em troca desta rotina, costumava ser agraciado pelas pessoas que ali passavam, com moedas e notas e quando em vez algo que servia de alimento que praticamente era o sustento oferecido por pessoas caridosas. Entre elas os comerciantes locais a fornecerem refeições.
Numa manhã de intenso inverno noturno, onde diziam a temperatura ter atingido por volta d 2º graus, foi encontrado morto; enrolado em seus trapos, debaixo do banco coberto por papelões e jornais sob aquela friagem intensa, só percebida pelo gari que varria a praça, já com o sol de fora, que chamando por Floriano, como não respondia, estranhou e resolveu acordá-lo descobrindo que estava morto.
A partir de então, óbvio, pela crendice, pessoas passaram a ver sua alma penada e escutar o som de varredura na praça, cercanias e ainda diziam às dependências da estação. Claro que tais visões sobrenaturais se espalharam e a praça da cidade, próximo aquele banco onde escolheu para se abrigar do frio e teve sua passagem à eternidade, bem como na estação a tornar-se mal assombrada a trazer certo pânico aos funcionários e frequentadores. O tal banco onde pereceu, difícil ter alguém se utilizando.
Numa ocasião, a cidade foi agraciada com a presença de um novo contingente policial, cuja troca da tropa efetuada, ao deixar a cidade, transmitiu aos novos colegas as instruções de acordo com as normas a serem cumpridas de acordo com a prefeitura, Entre os novos seguranças, um rapaz de pouco mais de 20 anos, por sinal demonstrando ser um cidadão de certa personalidade, cuja divisa braçal dizia ser um cabo, demonstrando também pelo ,talvez pedantismo exposto, ser pessoa de pouca conversa.
Mas tudo corria bem, com os policiais se mostrando um tanto simpático com a população no geral, quando um grupo de adolescente, que por natureza adoram armar uma “safadeza”, resolveu aprontar pra cima do cabo, cujo nome era; Minervino.
Segundo diziam, Minervino teve ciência da existência do caso Floriano e sendo quem era, arrogante e presunçoso, não tomou conhecimento do caso, atribuindo como apenas um relato de antigos moradores, ligados as ditas crendices de sobrenaturais, fato muito comum entre os interioranos.
Naquele dia, entretanto, o grupo de adolescentes resolveu por em prática o plano que haviam armado ao cabo Minervino, vez que o mesmo estava aquela noite de plantão e patrulhamento urbano, -- no que pese aquela época , este tipo de ação policial não fosse tão necessária, -- para uma cidade de pouco mais de 10 mil habitantes.
Recepcionado pelos colegas, ao retornar do lanche que havia efetuado, tomou conhecimento pelo soldado Antônio, que o fantasma do Floriano, estava aterrorizando a praça com seus urros, no local que deixou esta vida. Rindo, um tanto debochado qual não se importou, dizendo-se católico e não acreditava nessas bobagens. A noite foi se arrastando sem que houvesse alguma anomalia, quando um casal espavorido penetra na delegacia, dizendo que a alma do Floriano esta aterrorizando nas redondezas da praça. Demonstrando seu valor, como destemido policial, deixou o local saindo em busca do dito fantasma, quando observou que a praça deserta, com uma boa parte as escuras, justamente à altura do tal banco do dito Floriano, parado atrás de uma palmeira, solicita ao soldado que vá até ao banco coberto pelo papelão e faça a prisão do cidadão que quer nos amedrontar e o traga para delegacia. O soldado um tanto espantado, sem saber se cumpriria a ordem ou não, então diz ao cabo -- Senhor não estou bem para cumprir as ordens, pois estou tendo dor de barriga por ter comido algo azedo no almoço. O cabo meio desconfiado, exige que cumpra suas ordens, quando soldado diz que a vontade de ir ao vaso sanitário o manda, ai sim, cumprir a descarga apertando sua barriga. O cabo então se mostrando intrigado, “manda” que resolva o problema, ali e agora, abaixando suas calça e cueca e vá e em seguida ao banco pegar o espertalhão acoitado debaixo do papelão que o cobre, após cumprir as necessidades fisiológicas.
O militar mais confuso ainda, sob muita confusão mental, expressando certo temor, deixa o local apressado dizendo que iria ao banheiro na delegacia e se ele quisesse que fosse pegar a alma do outro mundo do finado Floriano, pois pelo cheiro ora exalado, naquele instante, era sinal que ele estava todo borrado de medo e não teve coragem de ir até ao local.
Moral da história: Pois é, daquele dia em diante, o pobre do cabo passou a ser conhecido como Floriano, já que sua pompa foi quebrada após ter sido intimidado por uns papelões que cobriam o banco do jardim da praça... Mas a crendice da história permaneceu,. por muito tempo fazendo parte do folclore da cidade, a anexar-se, possivelmente, ao acervo de mais uma cidade interiorana de seus contos sobrenaturais., que tanto adoramos ouvi-los.
Na ocasião, houve quem apostasse que viu o Floriano perambulando com sua vassoura pela praça... Bem como outros que assistiram quando se acoitou sobre o banco coberto pelos papelões, sem falar no casal que deu origem a toda confusão ao penetrar na delegacia...
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