Lembranças de um passado esquecido...
Amarildo, um colega do Colégio de São Bento do Rio de Janeiro, que não o via há vários anos, mas precisamente depois que deixei o colégio em 1957 e, por raras vezes nos encontramos, quando participávamos de eventos pontuais, cuja presença era recordar da nossa maravilhosa instituição escolar, que muito me orgulho, e evidentemente rever os colegas que fizeram parte das turmas as quais vivemos nossas infâncias e adolescências enquanto ali desfrutamos do abençoado ensino.
Mas na verdade o que me leva a expor nesta crônica, foi um fato que tem tudo a ver com nossa vida colegial, que tivemos o prazer de vivenciar e o que muita das vezes tornaram-se momentos tristes aos nossos olhos de adolescentes a nos marcar pelo resto da vida.
É público e notório, que entre nós estudantes do mesmo ano de ensino na sala de aula, embora fosse composta de 40 alunos, tínhamos o nosso grupo especial o qual mantínhamos fieis nossos objetivos de jovens, à escolha de uma amizade mais íntima que invariavelmente era estendida fora do ambiente escolar ou mesmo na troca de conhecimentos nos estudos em grupo que por vezes assumíamos.
Amarildo era por natureza, um jovem um tanto introvertido, que sempre procurava se esconder às aulas utilizadas pelas matérias, cujos professores tinham o quadro negro como aliado à sua locução de ensino, solicitando do aluno sua presença ao quadro (pedra ou Lousa). Como me referi ,o pobre Amarildo se borra- va de medo ser chamado. Tanto que mesmo não sendo fisicamente de alta estatura, costumava sentar-se na última fila de carteiras ( nome dado aos bancos escolares) na tentativa de se livrar em ser chamado.
Ele evidente possuía seu grupo de amigos, como eu também e os demais da turma, que mesmo unidos aos grupos, não deixava de ter contato e participar de uma forma geral com todos os colegas da classe, pois poucas eram as exceções existentes, a não ser quando estivesse incluído a uma gravidade que se tornasse uma aberração, como na época tivemos o famoso caso da moça que fora jogada do prédio em Copacabana, cujo envolvimento teve a cumplicidade de um nosso colega, onde o malcaratismo sempre foi sua conduta se achando como o dono da verdade.
Na nossa turma, pelo menos três a quatro vezes a cada dois meses, tínhamos um passeio programado pelo colégio nas nossas folgas de 5ª feiras e Amarildo nunca faltava a estes passeios, pois gostava de se exibir nas suas apresentação, se mostrando a dizer ter feito parte do escoteirismo, inicialmente como “lobinho”, cujo lema é “Sempre Alerta”.
Nosso encontro deveu-se quando em Visconde de Mauá participávamos de uma excursão, por sinal conduzida pela nossa amiga Marlene, quando tive atenção de um cidadão, que veio até Marlene, a dizer se tinha algum remédio para assaduras, visto esta tomado de ardências na região glútea, pois durante o passeio o qual desfrutamos às montanhas, fui acometido de fortes dores de barrigas e fui obrigado a me utilizar da paisagem local, me acoitando á mata mais espessa a procura me folhas que pudessem me utilizar, no que me vali infelizmente, de folhas que atribuir ser apropriadas a utilização nestes casos, baseado nos ensinamentos auferidos no tempo do escoteirismo, onde me considerei um aluno exemplar. Mas o tiro sai pela culatra e estou aqui sem saber o que fazer.
No ouvir aquele desabafo, ao virar-me, dei de cara com a figura, mesmo um pouco desgastada pelo tempo, careca, meio gordo não a ponto de expor obesidade obsessiva, do colega Amarildo. Um tanto sem graça, afinal quantos anos nos separam, após um cumprimento pouco festivo, já que como revelou, suas carnes se mostravam assadas talvez pelas folhas de ortiga, que ele como bom escoteiro, não soube reconhecê-la e bem como seu colega de colégio Ayres.
Moral da história: Segundo Marlene, as assaduras do seu Amarildo, mesmo sob o remédio, não conseguiram se acalmar e teve de passar parte da noite sentado em bacia com agua gelada e pomada de Hipoglós.
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