Memórias da infância se fazem no presente...
Turistas... Esses personagens que nos proporcionam momentos realmente hilariantes, quando estão imbuídos no “espírito da coisa”, ou seja; desprovidos de suas fleumas, austeridades, e personalidades impolutas ao se defrontarem com aventurosas situações turísticas e rebuscam da memória lembranças da infância. Neste caso específico, o velho trem foi o elo ao ser confrontado na saudosa estação ferroviária de São Lourenço, e sem dúvida, tornou o tal turista uma eterna figuraça a nós propiciar com o episódio bem circense pela forma com que até nos surpreendeu na atitude tomada.
À manhã daquele sábado, na plataforma da estação, que se apresentava bem concorrida de turistas visando o passeio turístico, quando observei de uma Van que estacionou a praça fronteiriça, um grupo de pessoas alegres e descontraídas descer do auto e segue um tanto apressada à direção da estação. Um cidadão de meia idade, que nos parecia o líder do grupo, dando de engraçado e metido a esperto, resolveu “aparecer”, dizendo aos amigos que iria cortar caminho pulando o pequeno muro da ferrovia, como em recordação do tempo de criança fazia, evitando pagar a passagem diária rumo a escola em que estudava aqui em São Lourenço, já que residia em Carmo de Minas.
Mesmo sendo alertado pelos amigos e contestado pelos riscos em se machucar, lá foi o homem na busca da sua graça e infantilidade inconsequente. Galgando o pequeno muro, expondo sua flácida e obesa musculatura em que proeminente barriga se sobressaia pelo sedentarismo caracterizado, transpôs com muita dificuldade a primeira perna. Entretanto passar a outra, sua força se sucumbiu não resistindo ao peso do corpo e não deu outra. Lá se foi o engraçado saudosista ao chão debaixo de estrondosas gargalhadas, sendo auxiliado por pessoas que a ele acorreram a ajuda-lo a erguer-se com “cara de tacho”. Reclamando de dores no ombro e na cabeça caracterizado pela fisionomia contraída a esfregar-se aos locais doloridos, afastou-se indo de encontro aos amigos, que de longe aos risos observavam a cena circense.
Levado à administração, foi indagado pelo responsável, o porquê daquele ato tão infantil já que não via necessidade em proceder dessa forma, pois as passagens já haviam sido adquiridas e o acesso à plataforma é comum sem que haja qualquer cobrança. Sem ter o que responder, o homenzinho limitou-se a dizer que o que aconteceu foi um castigo de São Lourenço, por ter pulado este murro dezenas de vezes para não pagar passagens e que hoje finalmente depois de muitos anos tive o castigo recebido, o qual me penitencia pelos atos praticados. Juntando-se aos amigos, lá foram ainda debaixo de risos à busca do vagão e poltronas para o belo passeio ferroviário.
Moral da história: Nem sempre querer ser excêntrico significa que estamos livres de pagar “mico ”passando por ridicularidades tão comuns aos engraçadinhos de ocasião...
Ah... Esses turistas ocasionais quando se vêm livres de suas personalidades impolutas e tentam se integrarem ao bom viver do turismo a querer demonstrar espontaneidade, às quais não mais condizem com suas idades, são inegavelmente uns “miquences” a nos oferecerem bons instantes pitorescos nesses picadeiros da vida... Esta crônica qual narro, foi por mim presenciada, tanto que fui um dos auxiliares a erguer-se do tombo a leva-lo à administração, onde foi medicado e advertido a não dar mais evasão às suas memoráveis fantasias infantis, cujos anos não trarão mais que uma simples saudades...
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