Na recepção uma taça se quebrou
Não poderia deixar de ressaltar o importante evento realizado em Vassouras, RJ, no Campus da Universidade Severino Sombra pela apresentação da obra literária do ilustre Prof. Sebastião Deister: Serra do Tinguá 300 anos de conquistas, em que o teor cultural vem contribuir para o conhecimento histórico da nossa importante região fluminense e quiçá do nosso Brasil.
Integrado à diretoria do nosso jornal, eu um modesto cronista, a ter nos episódios turísticos meus relatos pitorescos, portanto um observador nato, não pude deixar, embora aparentemente alheio a essas virtudes “abelhudas”, de por em prática minhas observações durante à requintada e seleta noite de autógrafos. Pois bem, o cacoete de observador falou mais alto e a atenção do cronista se aguçou, quando em companhia do mestre; Dr. Alcione, a apreciarmos um magnífico mural, onde ilustrava uma das salas inúmeros pôsteres dispostos a contar história dos barões através dos altos retratos e fotos de preservados casarões seculares, quando dois casais elegantemente trajados se chegam e permanecem a admirar o painel. Seus comentários passaram a ser de forma jocosa entre a cercarem os garçons que serviam aos presentes. De repente uma das mulheres indagou do companheiro se sabia o preço da obra. O outro amigo então se prontificou em saber, indo à sala em que as moças organizavam as vendas dos livros. Retornando, ao revelar o preço, espantada, a mulher que havia se interessado, ao falar ao marido, foi surpreendida com um sussurrante:- “impossível, estou duro até para conseguir um exemplar da coleção..”. Nisso a colega junto a mesa em que volumes da obra estavam expostos, que folheava um deles, chama pela amiga. Atento à cena passei a observá-las, quando outro garçom se chega portando uma bandeja com taças de vinho. Forma-se certa confusão, já que um outro também servia oferendo petiscos diversos. Na aglomeração momentânea, notei que a tal mulher, tomando seu vinho a degustar os salgadinhos, permanecia sob o braço o volume que folheava.
Aos nos retirarmos do local, no que cruzávamos à sala onde o autor autografava seus exemplares vendidos, observei que a tal mulher, era distinguida com a dedicatória do professor cheia de mesuras e risos . Curioso, retornei à sala dos painéis e vi que sobre a mesa exposto os exemplares da obra, faltava um dos volumes pelo suporte vazio. Claro que não era preciso ser nenhum Sherlock para desvendar o mistério. Até para o Dr.Watson seria bem elementar... Óbvio, se tem o primeiro exemplar da coleção as mãos, inclusive autografado, era só solicitar embrulhar a coleção e deixar, depois de se empanturrar com as guloseimas, bebidas e demais tira-gostos, a ilustre recepção de noite de autógrafos.
Moral de história: Comer, beber, alegrar-se, apresentar-se como adquirente de exemplar aos olhos da casta e se achar o mais esperto de todos, é ser muito “cara de pau” e porque não, picareta.
Ah... Esses turistas ousados, só não esperavam que para o azar deles, o turista pitoresco os observava e o flagrante se consumou de uma forma muito além de pitoresca... O cerimonial que me desculpe. Mas o pobre do professor Deister, foi lesado no dia que expunha sua grande obra histórica: Serra do Tinguá, 300 anos de conquistas. Dias após o evento, o jornal foi agraciado com os agradecimentos da universidade Severino Sombra pela crônica publicada e a retomada da coleção surrupiada na noite de autógrafo. A alegação apresentada, foi causada por um simples descuido...
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