Nem a padroeira os livrou do caos...
O dia era o 12 de outubro e como tal consagrado à padroeira do Brasil, N.S. da Conceição Aparecida e, óbvio, que a totalidade dos brasileiros e aos que aqui no nosso país tem seu viver, com a sua atenção a mãe Aparecida reverenciada neste feriado nacional. Nós sabedores das dificuldades que se evidenciaria, já que seria impossível no seu santuário, receber um número de devotos, compatível à data, mesmo sendo o local de imensa grandiosidade, optamos, antecipadamente, na reserva em hotel aonde chegamos à manhã da antevéspera do dia da padroeira. A grande maioria venera a Santa às imagens que dispõe em suas casas, em capelas, e mesmo igrejas onde exista uma imagem. Todavia, existem aqueles que através de promessas à Santa, utilizam-se a visitação ao santuário por romarias, em transportes individuais, ou até mesmo como muitos que vemos pelos noticiários televisivos, caminhando rumo a Basílica, a pé ou no lombo de animais objetivando pagar suas graças alcançadas e as promessas conseguidas.
De fato é uma das maiores demonstração de Fé vista atualmente no catolicismo mundial, em que a religiosidade chega aos extremos da emoção aos corações, até mesmo dos agnósticos ou os ditos ateístas. Entretanto, em conversa com casal hospedado no hotel que estávamos inicialmente em Passa Quatro, que se mostrou interessado em ir ao santuário, fui obrigado a dissuadi-lo da ideia, tendo em vista que iriam encontrar um verdadeiro caos, pelo volume não só de peregrinos, como de veículos e seus estacionamentos, e recomendei fazer reserva como as fizemos.
Infelizmente não atendeu ao nosso recado e optou apenas pelo automóvel, saindo de Passa Quatro bem cedo, a retornar pra o almoço no hotel. Eram 5,30hs, segundo o gerente, quando deixou o hotel e já passava de 20 horas quando entraram de volta ao hotel, demonstrando semblantes pesados, abatidos, fisionomias de extremo cansaço.
Na manhã do dia 13,por acaso uma sexta-feira, que à muito dizem de azar, após o desjejum, encontramos com o casal que lamentou não ter seguido nossa recomendação, e tiveram verdadeiro dia de cão. Já na chegada, faltando uns 2Km à entrada da cidade, ficamos uns quarenta e cinco minutos num para e anda na via Dutra, acostamento, para entrar na cidade. Mas até ai normal, nos parecia, só que dali até a entrada do estacionamento da Basílica foi mais de hora e meia, pois ninguém deixou o estacionamento, não havia mais vagas disponíveis e a recomendação era tentar na periferia estacionar, pois havia moradias que ofereciam vagas em seus quintais e outros acessos. Com isso o tempo corria, e o relógio marcava 11horas e dez minutos. Em termos de assistir missa, desde a hora que chegamos já teriam ocorrido no mínimo (3) três delas. Quanto ao almoço de retorno ao hotel, foi pra o espaço. Só que a fome começava a refletir na barriga e teríamos que ter ainda mais paciência, pois não estávamos vendo alguma luz favorável. Parado irregularmente numa fila dupla, conseguimos pelo menos aliviar as bexigas num boteco pé sujo de periferia, sob proteção do botequineiro enquanto esgotávamos nossas águas aprisionadas.
Ai então, não sabemos se por intercessão da padroeira. Uma alma caridosa nos ofereceu um estacionamento ali perto e nos levou até o local. Estava praticamente lotado, mas o responsável conseguiu uma vaga e enfim nos valeu, mesmo tendo que pagar, antecipadamente, R$60,00. O que não contestei. Pegamos um taxi e finalmente as 13,45hs, penetramos na Basílica, onde era difícil até colocar os pés de tão cheia. Depois de algum esforço, onde até rezar foi difícil, deixamos o templo após um empurra empurra e caminharmos à direção da praça de alimentação, visando tomar água, pois estávamos sedentos. Nem isto foi possível fazer, tal o numeroso acúmulo de gente no local, e decidimos pelo regresso. Mas e agora, qual o nome da rua do estacionamento? Na hora que pegamos o taxi não observamos este importante detalhe! O que faremos? Ajudando ao motorista do taxi pela possível lembrança do local do pé sujo, depois de rodarmos mais de hora e meia sem sucesso, deparei-me com o cidadão que nos levou ao local, pois vestia a camisa do Flamengo e possuía uma brilhante calva... Agradecendo a Santa, pela intercessão encontramos o estacionamento, após árdua e cansativa procura, mas só que devido à quantidade de veículos a sua volta, não havia como retirá-lo do local a não ser aguardar a saída de outros entraves, o que ocorreu após quase uma hora de espera. Deixamos o local as 17,30hs segundo via Guaratinguetá a apear a Via Dutra. Já passando das 20 horas é que o devoto casal exausto chegou ao hotel...
Moral da história: A devoção, a fé, as vezes nos oferecem sacrifícios, a fim de que possamos compreender o quanto é difícil entendê-las na sua plenitude, nos colocando à prova a nossa capacidade limitada de aceitar uma simples dificuldade...
Ah... Mas que o momento do contratempo vivido pelos fervorosos turistas foi sem dúvida bem pitoresco, ah... Isso lá foi.
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