O constrangimento, deveu-se pela mentira ...
A convite de um amigo que havia inaugurado há pouco tempo sua pousada à cidade de Penedo, RJ, lá fomos nós aliada a distinção do convite e o interesse dele na confecção do nosso livreto das crônicas “Esses Turistas Pitorescos”, como peça publicitária do seu negócio hoteleiro, a deixar nos apartamentos um exemplar do livreto, objetivando um momento de relaxamento a deliciar-se com a leitura.
A pousada bem projetada, mostrava-se aconchegante dando ares de requinte pelo bom gosto do conjunto arquitetônico e decorativo. Os hóspedes pela demonstração apresentada e pelos respectivos veículos em que a opulência se fazia presente, agregado ao desfile constante de modas, sem dúvida dizia o quanto o ambiente esnobe e classudo se projetava aos nossos olhos com suas 5 estrelas incontestavelmente.
Em meio à tarde em conversa com o amigo hoteleiro, se chegam à recepção quatros belas e atraentes mulheres. Afastando-me o deixei a vontade, quando uma delas, me pareceu a “líder”, se pôs a dialogar na intensão de hospedagem. Sorridente e solícito durante o diálogo, depois de alguns minutos de conversação, amável as conduz aos aposentos auxiliado pelo camareiro na condução das malas.
Ao retornar, satisfeito chegou-se a mim que ali permaneci a observa-los e mesmo alegre, revelou-me a estranhar o porquê em não ocuparem apenas dois quartos, optando por quatro aposentos de casal obviamente mais caros. Entretanto gostou da opção, afinal engordaria o seu faturamento.
Não querendo ser desmancha prazer, resolvi contar-lhe que aquela mulher do diálogo eu a conhecia. Certa feita nos vimos forçados por um temporal na estrada, nos valer de uma pousada em determinada localidade fluminense a antecipar nosso pernoite. Todavia para surpresa, ao início do anoitecer, pudemos observar e constatar que o estabelecimento nada mais era do que um “rendevous” , onde aquela mulher funcionava como uma cafetina a controlar e receber seus “clientes”. Sem ter como deixar o local, nos vimos obrigados a nos enclausurar no quarto e pela manhã seguimos nosso rumo, sem que aquele contratempo viese causar qualquer constrangimento ou coisa parecida. Afinal se houvesse culpados, seriamo-nos!
Diante da bombástica revelação, se mostrando atônito e aparvalhado, segredou-me pedindo que não revelasse o problema a algum hóspede, já que causaria certamente uma comoção com debandada geral de consequências econômicas desastrosas, já que solicitei dela total discrição com seus encontros. Surpreso pela confidência retruquei: - Ué, você sabia sobre elas? Então porque estranhou à ocupação do quarto de casal?
Desconcertado, resolveu dizer, tentando amainar o desconforto emocional, que o apontasse um hotel ou pousada que não operasse com este tipo de faturamento extra na baixa temporada. De certo modo concordei e aceitei o argumento, já que não tenho nenhum preconceito quanto à prostituição, desde que não extrapole as raias da discrição e respeito. Mas o que de fato me causa muito constrangimento é a mentira, principalmente oriunda de um dito “amigo”
Moral da história: O interesse comercial sempre estará acima de qualquer conceito, mesmo de reputação e dignidade em detrimento do respeito e da confiança de um cidadão...
Ah... Esses “formadores de opiniões turísticas”, sempre hão de nos proporcionar instantes pitorescos, quando se veem diante de situações que os deixam preocupados ao tomar conhecimento de que outros conhecem de
suas intensões.
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