O “ecologista” urbano, essa figuraça!
Numa determinada ocasião, tivemos o prazer, em receber um casal de amigos que nos veio visitar e passar um fim de semana prolongado conosco em Paty do Alferes, RJ, nosso até então, refúgio de lazer. O cidadão era e é uma pessoa que possuía a vida inteiramente voltada ao trabalho, nunca se afastando do Rio de Janeiro visando outros ares menos poluídos, sempre alegando compromissos inadiáveis. Mas de tanto convidá-lo, conseguimos convencer a dispor daquele fim de semana.
A chegada do casal na quinta-feira ao entardecer foi uma “festa”. A alegria estampada no rosto do casal era tanta, que transformava aquele homem sério e responsável em quase uma verdadeira criança aos primeiros contatos com a natureza. Tudo era um deslumbre.
Mais tarde já refeito do regozijo inicial, tranquilo começou a discorrer às vontades que se mantinham reprimidas e deu início a fieira delas. Entre tantas, mencionou o desejo de tomar leite, pela manhã, de preferência ao vivo no interior de um curral. Achei até valida a ideia, só que o alertava para o cuidado, dado ao alto teor de gordura no leite “in natura” que poderá causar complicações intestinais se abusado à ingestão.
Pela manhã bem cedo, por volta de 5 horas, vestindo-se a caráter de um turista com bermuda, camiseta olímpica de malha, meias e tênis brancos, sai com o objetivo de ver dos morros circundantes o nascer do sol e integrar-se à natureza em caminhada revigorante pela mata que nos cercava.
Por volta de 8 horas, após o nosso café matinal sem a presença do nosso “ecologista urbano”, ficamos à varanda os três a conversar animadamente a programar nossos passeios.
Com o sol já bem alto passando das 10 horas, observamos à estrada o amigo descendo apressadamente e, em minutos chega-se ao portão subindo a pequena escada de acesso. Sua fisionomia transtornada, expondo uma palidez esquisita, ofegante, muito suado, nada disse apenas sussurrando um bom dia, passou por nós a seguir porta adentro, sumindo no corredor que pelo som de porta que se fecha, ocupou-se do banheiro. Sua meteórica passagem deixou um rastro não muito agradável em consequência de um imaginável sufoco que o acometia e calados permanecemos. Porém, sua mulher com certa preocupação levanta-se e vai ao seu encontro só retornando após alguns minutos acompanhada do amigo, a demonstrar que algo está errado. Indaguei o que estava se passando. Bastante abatido com ar de dores, contou-nos que havia se excedido no consumo do leite sentindo-se mal, sendo obrigado a ocupar-se do mato. Só que na falta de papel, utilizara-se de algumas folhagens, que por esse recurso o deixou desesperado pela enorme e dolorida ardência sentida, a ponto de não poder se conter durante o regresso na caminhada, a cada vez que as cólicas comprimiam a barriga a obrigá-lo a recorrer ao mato.
Conclusão: Em dificuldade, não teve jeito a não ser retornar ao Rio de janeiro cheio de ardências e inchaços anais e metido num “fraldão” incômodo, que lhe valeria mais que uns dias de sem poder trabalhar. Só que não foi desfrutando do interior, mas sim do interior do quarto sem poder sentar-se, adequadamente, causado pelas incomodativas dores hemorroidais...
É bom alertar ao turista desavisado, que a natureza também oferece as “urtigas” da vida, que a tornam mais ardentes, quando achamos que as conhecemos e nos jugamos conhecedores de ecologia...
Ah... Esses urbanoides que se dizem “exper.” em natureza, sempre nos brindam com momentos pra lá de pitorescos... Olha que não foi por falta de aviso...
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