O eterno conflito religioso...
Esta crônica foi baseada na narração por meu saudoso pai, Luiz Ayres, numa balburdia quando viajava no Trem expresso a caminho de Três Corações, MG, àquela tarde chuvosa, cujo vagão repleto de passageiros, onde as vozes por sua vez, dadas estar o vagão com seus vidro arriados em consequência da chuva, tornava o ambiente bastante confuso a deixar impossível o entendimento entre aqueles que tentavam conversar, ou talvez tirar um cochilo, coisa muito natural.
Luiz ali a apreciar aquela “praça de peixes” pela balburdia que cada vez mais se fazia presente, num falatório inconsequente, quando de repente uma mulher com a cabeça envolvida num lenço ou pano preto, que conversava com outra mulher à poltrona do lado oposto ao seu, ergue-se do lugar e em voz mais alta ainda, dirigindo-se a todos, dotada de um linguajar meio enrolado, fala: -- Será que tenho que partir para agressão com aquele que esta berrando e não conversando?
Houve um momentâneo silêncio talvez pelo gritar da tal mulher e logo a seguir, de um grupo que ao fundo do carro participavam de um jogo de truco, um dos participantes, então, pois a boca no mundo, e retruca a mulher, a dizer para calar a boca e vá gritar assim na sua terra sua turca fedorenta. A mulher retrucada, furiosa veio em direção ao jogador, que a enfrenta defendendo-se com o guarda chuva, cuja consequência atingiu sua testa retirando o tal turbante que usava, mostrando-se o quanto era seguidora do Muçulmano e adoradora de Alah. Tentando cobrir-se rápido, com o pano que havia sido retirado e que se mantinha preso ao guarda chuva, agarrou-se ao jogador que procurava se livrar dela, mas acabou sendo agredido por uma sapatada a deixa-lo tonto. Nesta altura, com o ambiente mais que conturbado, Luiz pelo seu porte atlético, resolveu interferir objetivando acalmar os ânimos. Só que sua ação apaziguadora, não deu muito certo e acabou sendo atingido pela outra mulher amiga, talvez da mulçumana, também com uma “guarda-chuvada”. Finalmente os ânimos se arrefeceram e aos pouco o ambiente confuso que deu origem a balburdia voltou ao normal depois de tapas ,berros, gritaria e outro apetrechos condizentes ao momento.
Minutos se passaram, depois do “circo desarmado e a lona recolhida”, chega-se o chefe do trem acompanhado do condutor, a se integrar da confusão, quando a mulçumana elevando-se da poltrona, começa a falar na sua língua enrolada que fora chamada de turca, e ela não era isso, e sim Persa, sendo seu pais governado pelo Xá . (hoje Irã). Nisso um dos jogadores, possivelmente querendo colocar lenha na fogueira, fala: -- É por isso sua maluca, que deveria tomar mais “Xa” e ter mais educação. Diante destas palavras, a mulherzinha virou fera e quis partir pra cima do chefe e seu acompanhante, mas ai sim detida no seu intento por Luiz.
Mais uma vez, rebusco nestes episódios a transformá-lo em crônicas, das narrativas do meu saudoso pai Luiz Ayres, cujo cabedal de conhecimentos pela vida, nos traz fatos e episódios, que vem abrilhantar e consequentemente ser incorporado a nossa coletânea, a qual tenho a honra de cronicá-las, a levar aos leitores um pouco do passado, cuja poesia sempre estará presente.
Moral da história: Esta crônica em si, vem de encontro a mostrar o quanto as religiosidades não são unidas, mesmo sendo elas baseadas num único objetivo , ou seja; um ser supremo conhecido como DEUS, o qual devemos segui-lo e respeitá-lo durante a nossa existência.
Ah... Mas como deve ter sido bem humoroso este episódio, embora houvesse certa violência no seu desenrolar... Já que entre “mortos e feridos”, salvaram todos.
Comentários: