Se a frase fosse levada ao pé da letra, o Brasil não estaria passando o que está passando atualmente. Se os políticos e os cidadãos entendessem que todos devemos servir e não sermos servidos, estaríamos todos a serviço público. Para o político empoderado essa obrigação é ainda maior. Pois o poder lhe é dado pelo povo para que preste serviço ao próprio povo. E ainda tem um agravante: é remunerado para isso.
Escrevo nesses termos essa semana inspirado no discurso do então Ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, orador oficial da 6ª edição da entrega da Comenda Ambiental Estância Hidromineral de São Lourenço, ocorrida no dia 20 de março de 2016. Patrus iniciou cumprimentando o povo: verdadeiro responsável pela presença das autoridades no palanque. Citou trecho da Constituição: todo poder emana do povo... E por isso disse que o termo poder público não deveria existir. Que deveria ser somente serviço público. Ele citou, também, o texto bíblico que relata que Jesus disse que veio para servir e não para ser servido.
Entendo que é justamente aí que está o "X" da questão. O que está faltando à classe política brasileira e à população, já que o político é o retrato do povo, é que a política deve resultar em serviço, em benefício do bem comum. E não em troca de favores, em benefícios próprios, em uso da máquina pública para fins particulares e, muito menos, para tirar proveito financeiro.
É preciso separar o público do privado. Entender o verdadeiro significado de uma instituição pública. Não deixar a política partidária se sobrepor à política pública. É preciso que as lideranças entendam a importância do princípio da continuidade e que os bons projetos e programas devem ser considerados atos institucionais e levados adiante. Mudanças são necessárias e novas ideias são essenciais para o progresso e o dinamismo da administração pública. Mas não podemos esquecer jamais das raízes, da tradição e das peculiaridades locais.
Colocando o interesse público em primeiro lugar fica fácil evitar o confronto político, nas condições que estamos assistindo atualmente. Volto, portanto, a lembrar o discurso do ministro, que, a certa altura, disse que a política tem que ser também a arte da boa convivência entre os diferentes, mas, principalmente, entre os contrários. Esse ponto é crucial para que entendamos que temos que trabalhar para acalmar os ânimos, e não para acirrá-los, como muitos têm feito.
Nesse momento difícil em que vivemos, devemos ter sempre em mente que o interesse público deve estar acima de tudo. Que os homens públicos passam, que as lideranças se revezam, que os partidos políticos se adequam às situações e não estão acima das instituições públicas, mas as necessidades da população e as demandas por serviços públicos eficientes continuam.
Comentários: