O pároco e seus pecados...
Lá estávamos nós mais uma vez, a curtir nosso “tour” a desfrutar deste incomparável Brasil, cujas belezas a muito são desconhecidas e, mesmo que expostas por este imenso interior, em que os hábitos e a cultura regional variados sempre se apresentam aos nossos olhos a nos proporcionar instantes e momentos bem reflexivos, que nos engrandecem a ampliar nosso conhecimento cultural.
Na ocasião desta viagem, o objetivo era matar a saudade das cidades e lugarejos, que mesmo já por nós visitados, traziam boas e gostosas lembranças, em rever aqueles irmãos interioranos, cujas amizades ainda permanecem bem ativas, também traziam saudades...
Ao deixar o restaurante, após delicioso almoço, optamos por caminhar à cidade, objetivando desfazer a gulosa refeição a queimar as calorias em excesso consumidas. Curtindo a bela e bem tratada praça interiorana, provavelmente um dos orgulhos dos munícipes, onde a igreja Matriz em destaque se sobressaia, resolvemos fazer mais uma vez nossos agradecimentos a Deus por termos feito uma ótima viagem, como de hábito sempre procedemos ao chegarmos a uma localidade.
Já no interior da nave, diante da suntuosidade do templo, caminhamos até a frente do altar mor, onde minha mulher optou pelo sacrário a rezar. Eu me utilizei pelo primeiro banco. De súbito escuto um burburinho, em que vozes femininas em destaque, ecoavam mesmo abafadas e passei a perceber que a coisa era séria pelas palavras ouvidas. Ergui-me do local e apressado fui à direção da sacristia e vejo duas mulheres se engalfinhado entre puxões de cabelos, unhadas, tapas e outras coisas mais, sem contas o palavreado chulo, onde os palavrões se pontuavam em destaques como verdadeira arena de pugilato em que a acirrada luta corporal era exibida.
Perplexo pelo que assistia e tomado pela não violência, parti para tentar separá-las , quando fui atingido por uma joelhada nas minhas partes baixa, que sobre forte dor, ainda me pus a separá-la no que com esforço consegui. No chão, as duas sobre aquele palavreado inconveniente onde à agressão mutua prevalecia e, eu entre alas a me contorcer pelo que havia sofrido, exigia total respeito ao local e que ambas dissessem o motivo da acirrada luta corporal.
A se ajeitarem em lados opostos, já mais calmas, sem se pronunciarem uma só palavra, dado a minha insistência, a que agora catava os cacos dos pratos em que trouxera a refeição, saiu a procura no toalete de uma vassoura, visando limpar o chão impregnado de alimentos espalhados. Nisso a outra ao vê-la dirigir-se ao toalete, correu a não permitir que abrisse a porta, pondo-se a frente dela. Estranhando o procedimento, mesmo com a outra a dizer que iria pegar a vassoura, não permitiu. Tomando pé da situação, fui à direção delas e afastando-as abri a porta.
As duas paralisadas, vendo o local, aquela que procurava pela vassoura, entrou e de posse da vassoura fechou a porta, a dizer: -- aonde você escondeu Inácio ?
Ao ouvir aquela indagação, cuja recepção da mulher que dificultou em abrir a porta, sorrindo, Retrucou: -- Por ser um anjo, se foi... Ante a reação da mulher , cuja vassoura ergueu como fosse atingi-la pelo, sarcasmo da resposta, interferi enérgico e exigi saber delas quem era o tal Inácio.
Mudas, diante do que exigia uma delas, a que catava os cacos dos pratos e tentava limpar com vassoura a sujeira, um tanto sem jeito, diz: -- É o padre Inácio... A rival, pelo que deu a entender, abaixando a cabeça, provavelmente, a esconder a vergonha pela reveladora confissão, saiu apressada do local a deixar que a outra que permaneceu, a contar que ambas, tem no pároco Inácio seu amor secreto, que hoje o “safado”, teve revelado a minha rival, o que nunca poderia imaginar, pois sempre jurou ter amor por mim. Há anos temos nosso relacionamento secreto e hoje descubro que possuo uma rival.
Deixando a sacristia, minha mulher um tanto preocupada pela minha ausência, ao encontrar-me, me indagada o porquê da demora. “Sorrindo, “na rua eu a contarei o que aconteceu, pois fui” vítima” de uma bela confissão. Curiosa, segundo disse, ficou ao ver um cidadão deixar a sacristia apressado, que ao cumprimentar-me, pelo colarinho em seu pescoço, vi que se tratava de um padre! Ele faz parte da sua história?
Depois de tomar conhecimento do fato, em cuja praça sobre o banco conversávamos, observo saindo da igreja, a mulher que era a verdadeira namorada do pároco, e que provavelmente se sentindo traída, nada poderia lastimar pela “pulada de cerca” do seu “amado” ... Afinal ela traíra a confiança religiosa, passando de governanta a namorada, portanto, reclamar porque e a quem, ao Bispo?
Comentários: