O vício e as consequências...
Como sempre, após nos encontrarmos mais uma vez nessas estradas da vida, lá estava minha amiga Marlene comandando mais uma excursão, cujo destino desta vez eram as cataratas do Iguaçu no estado do Paraná entre outras cidades, em que o roteiro se apresentava bastante extenso, segundo dizia. Mas como sempre tinha um episódio a contar, e tínhamos algum tempo a dispor, então se pôs a narrá-lo entre goles de café ao balcão daquela parada de ônibus.
Certa ocasião, conduzindo aquele grupo de excursionistas com o destino as cidades históricas de Minas Gerais, tendo como base da excursão Ouro Preto, um fato inusitado veio a ocorrer, em que um cidadão pra lá dos setenta anos, tornou-se a bola da vez, causando o maior reboliço durante a até então tranquila viagem, por ser um tabagista inveterado.
Ao deixarmos a Praça Xavier de Brito à tijuca, local programado a nossa partida às 6 horas, um pequeno entrevero surgiu exatamente entre o tal fumante e uma senhora que de acordo com entendimento já acertado antecipadamente, de que gostaria de ter, se possível, sua poltrona junto a janela, pois mesmo a ter ministrado medicação a evitar enjoo, tinha receio de ânsia de vomito. O cidadão ao ouvir o comentário, dirigiu-se a Marlene e indagou se ele como fumante, gostaria de ter também janela da última poltrona, pois não atrapalharia aos não fumantes. Aliás, esta em vigor Lei que dá direito ao fumante a utilização das duas últimas janelas dos coletivos interestaduais ou veículos de excursões. Desconhecendo tal Lei, Marlene retrucou a falar que não sabia de tais favorecimentos aos fumantes, mas que reservaria esse direito ao tabagista. Só que o cidadão, não optou por ter este direito e desistiu por ser o local um tanto barulhento e ficaria junto ao toalete, o que na utilização do local seria obrigado a sentir o odor não muito apreciável.
Seguia viagem de certo modo serena e agradável, com Marlene dando como de praxe sua atenção a todos, mas passou a estranhar o comportamento daquele passageiro, o tal tabagista, que volta e meia erguia-se da poltrona em direção do toalete. Entre as paradas previstas o mesmo fumava de dois e três cigarros a emendar um no outro. Sem dúvida era um fumante inveterado.
Já bem próximo de Ouro Preto ouviu-se um barulho, vindo do final do ônibus, que foi também observado por alguns passageiros. Avisado a Marlene, a mesma chegou-se ao local, tentou abrir a porta, mas estava emperrada. Logo a seguir ouviu uma voz abafada a responder que tudo estava bem. Mas fora apenas um pequeno problema já sanado. Mesmo de sobreaviso, Marlene manteve atenção e então depois de conferir a lista dos passageiros, notou a ausência do cidadão tabagista e lembrou-se que o mesmo era de compleição física obesa e, portanto, poderia está pedindo ajuda. Foi à direção do toalete a bater à porta a indagar do cidadão, já pelo nome, Norberto, se esta precisando de ajuda. Veio resposta: -- D. Marlene, estou sim, pois tentando apagar o cigarro que fumava, acabei caindo e prensei a perna esquerda entre o chão e lateral da porta, o que veio causar o empeno da porta , cuja fechadura não deixa abrir, além disso tenho dores pelas cãibras pela posição.
Avisado em sua cabine, o motorista comunicou-se com a empresa via internet. e foi determinado o atendimento mecânico à cidade de Ouro Branco pois seria impossível seguir viagem neste estado de coisa. Foram todos a Ouro Preto deixado no hotel, com o motorista retornando a Ouro Branco para o conserto da porta. Quanto ao cidadão motivo da encrenca, foi levado ao posto médico local e felizmente nada de grave foi constatado, a não ser a queimadura na parte posterior da sua coxa, já que na ânsia de querer apagar a guimba do cigarro, a mesma caiu por baixo da coxa ocasionando a dolorida queimadura...
Moral da história: Talvez se o tabagista tivesse aceitado a permanência numa das últimas janelas (que poderiam ser abertas enquanto fumava) não passaria por esta situação.
Ah... Esses “turistas inveterados” nos seus cigarrinhos, alimentando seus vícios, são sem dúvida duplamente idiotas; pelo fumo e pelo vício.
Comentários: