Ocultou as mãos a mostrar as unhas...
Mesmo sendo um observador aos procedimentos dos turistas, afinal tenho nesses personagens meus subsídios visando desenvolver minhas crônicas, há momentos dada às circunstâncias, que me vejo como um “indesejável”, tal a situação vivenciada, a qual não pedi e nem peço para acontecer.
Em meio à semana, em que notadamente os hotéis permanecem desocupados e ,claro, estendem-se por essa ociosidade a ocupá-los discreta e reservadamente a atender “pernoites” à casais românticos à procura de seus encontros coloquiais, estávamos nós à sala de TV a assistir o noticiário televisivo, quando durante o intervalo publicitário ao dirigir-me à recepção no intuito de um cafezinho, eis que me deparo com uma complicada situação.
Por incrível coincidência, um amigo nosso acompanhado, de braço enleado à cintura de uma mulher, que por acaso não era a sua, junto ao balcão solicitava acomodações. Mesmo procurando esquivar-me do furtuito encontro, ao virar-se, sorridente cheio de amor pra dá com as chaves na mão, notei que houve um baque na sua estrutura pelo seu semblante esboçado, ao nos entreolharmos.
Furtando-me a reconhecê-lo, não que me negasse a cumprimentá-lo, mas sim evitar talvez um possível constrangimento, desviei o olhar e alheio ao que presenciava, segui em direção da TV, onde preocupado fiquei, a pensar sobre a desatinada situação, desligando-me até de acompanhar o jornal.
Pela manhã, aflito em deixar a pousada logo cedo, saímos a curtir Teresópolis e adjacências a fim de evitar um novo encontro com o “amigo”. Entretanto ao regressarmos no final da tarde, discretamente o gerente me abordou entregando um envelope, que ao abrir, o li de imediato. Era os agradecimentos do “Dom Juan” pela minha discrição. Só que se referindo a minha mulher, tinha receio que eu houvesse comentado sobre o encontro da noite passada, já que sua “mulher titular” a tem como amiga. Enrugando a testa, meneando a cabeça e sorrindo, inutilizei o bilhete e a mim ficou o dito pelo não dito, pois sei respeitar o direito ou errado de cada um, desde que não interfira nos meus.
Porém para surpresa, no quarto, minha mulher descontraída a conversar, indagou-me se o nosso mulherengo e infiel “amigo” já havia deixado o hotel, - oque me deixou embaraçado – pois sua companheira de pernoite num encontro casual, quando ambas deixamos os aposentos pela manhã, nos reconhecemos. E em rápido papo, fiquei, a saber, por uma foto apresentada, que seu namorado era o nosso conhecido e amigo das parcerias dos jogos de tranca e, por seu azar, a namorada era a manicure da sua mulher do salão que frequentamos... O que convenhamos, foi uma grande coincidência...
Moral da história: Mesmo escondendo as mãos, as unhas , se não tiver cuidado, estarão sempre a mostra...
Ah... Esses “turistas de ocasião”, quando se julgam assenhorados da situação nas aventuras romanescas, achando-se o mais importante dos esquivos infiéis, são na verdade uns tremendos otários Dom Juan, a nos proporcionar momentos complicados, porém, bastante pitorescos ao se apresentarem como muito espertos a qualquer mortal, por mais ingênuos que possam ser...
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