Os apolíneos e suas fraquezas
Com o ocaso já se fazendo presente e a aragem fria se evidenciando a beira da deliciosa piscina, que mesmo sendo aquecida não era mais convidativa, um grupo de quatro rapazes, desses tidos como sarados através do fisiculturismo e muita malhação, resolveu após quase ausência de mulheres, deixar a área da piscina. Afinal suas musculaturas vigorosas e apolínias, não representavam mais diante do mulheril os seus narcisismos, em que as exibições nada mais fariam sucesso.
Nos que havíamos deixado à piscina e permanecíamos ao bar no local e em conversa com dois casais, quando já nos despedíamos, observamos um vozerio histérico e apavorante vindo do interior da sauna dada à proximidade com dependência. Em princípio julgamos tratar-se de gozações provocadas pelos sarados. Mas para nossa surpresa, de repente dois deles apavorados, se chegam ao bar a dizer que uma cobra havia atacado e mordido um companheiro. Achando estranho, corri a sauna e deparei-me com a cena à antessala, onde aos prantos, amparado por outro amigo, que tentava talvez acalmá-lo, o sarado se debatia abraçado ao companheiro a dizer que ia morrer sob forte soluçar. Agachando-me, a verificar o ferimento no seu calcanhar, observei que a mordedura não se apresentava como de uma serpente peçonhenta, ou seja; os dois orifícios característicos, mas sim se constituía de num corte superficial no sentido da perna. Abrindo a porta da sauna, sob intenso vapor, deparei com o ofídio enrolado ao canto embaixo do degrau de madeira. Curvando-me, sem muito me preocupar, observei de fato que se tratava de uma Jiboiaçú, a qual removi segurando por detrás da cabeça sem que oferecesse qualquer resistência.
Conduzindo-a para antessala, mostrei aos sarados, onde o “moribundo” quase desmaiado, assustado debaixo de imenso pavor, indaga se era venenosa e se poderia morrer, já que começava a sentir calafrios e tremedeira. Sorrindo, acalmei-o dizendo que o belo animal era apenas uma Jiboia de médio porte e inofensiva. E a suposta mordedura fora causada por uma lasca de madeira do degrau, que o feriu pelo rompante seu ao elevar a perna após assustar-se com a cobra, que ali docilmente refugiou-se ao encontrar um local propício por ser quente e úmido. Estes animais ditos de sangue frio, costumam dar preferência a captação e reposição de energia a esses locais como refugio.
Moral da história: Na hora do pavor, não adianta ser sarado, modelado, fisiculturado e até mesmo narcisista, pois a fraqueza de espírito sempre mostrará o quanto se é um cagão...
Ah... Esses “Turistas Apolíneos e Narcisistas” quando se deparam com momentos indômitos que os tornam verdadeiros cagões, são sem sombra de dúvida uns bobos da corte a nos presentearem com instantes bastante pitorescos...Pôs você acha se jiboia fosse perigosa ou mesmo peçonhenta, as mulheres que as tem como parceira em exibições de produções eróticas, publicitárias e outras tantas fotos as quais se exibem, mesmo por polpudos caches, se prestariam a isso?
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