Praga? Não,... Talvez o acaso!!!
Por necessidade, me vi obrigado ir a Lambari, MG, após um feriadão cuja dificuldade em adquirir passagens de volta, normalmente trás complicação. Precavendo-me, do Rio de Janeiro me comuniquei com o despachante da empresa do ônibus em Minas, marcando a passagem de regresso para o mesmo dia da minha chegada a “0”hora no coletivo procedente de Formiga com o embarque , óbvio, em São Lourenço. Ao desembarcar em Lambari, me dirigi ao guichê aonde paguei e retirei a passagem que havia reservado e agradecer a despachante à gentileza a mim dispensada e fui aos meus afazeres onde tranquilo resolvi meus problemas e as19,30 lá estava embarcado seguindo viagem a Cidade de São Lourenço, onde as 23,59hs, pegaria o ônibus que me conduziria de retorno ao Rio de Janeiro.
Ao início da madrugada, lá estava à plataforma de São Lourenço no aguardo do “Formigão” da meia noite, que no horário aportou. Com uma pequena fila formada, me posicionando como o primeiro, acessei o coletivo, que se mantinha aparentemente lotado, ao som de variados roncos e apneias. Posicionei minha valise no bagageiro superior e acomodei-me no lugar: poltrona 27, reclinando-a após atrelar-me ao cinto de segurança. Não demorou, um casal se chega, olhou o número iluminado e falou: - Este lugar é o nosso, vai saindo o cara... Indignado com a arrogância, engoli em seco e lhe respondi que deveria haver algum equívoco, pois minha passagem indicava poltrona nº27, e lhe mostrei o bilhete. Por sua vez o cidadão grosseiro mostrou a sua, a qual li e confirmei a anotação 27. Então, criou-se o impasse, havia o que eles chamam de “doublés”
Com a chegada do motorista junto a nós na conferência, o homem ouriçado começou a criar caso. Todavia como não sou chegado a confusões, propus um acordo, propondo que fosse levado em conta à data da emissão das passagens. A mais recente, claro, seria o “double”. O beócio em princípio não entendeu e lógico não aceitou, a dizer que não deixaria o ônibus de jeito algum. Pela demora da partida, iniciou-se um clima de impaciência junto aos passageiros e o” imbecíl” concordou em aceitar o sugerido. Mostrando-me o bilhete, eu fui o” double,” e desatei o cinto, levantei-me retirando minha valise do bagageiro. Com o beneplácito do motorista, que não querendo comprometer a colega que me vendeu a passagem, me ofereceu em utilizar o banco do motorista reserva em sua cabine, o que aceitei prontamente, já que aquela hora, segundo ele, não existiria qualquer tipo de fiscalização e além do mais era previsto um passageiro saltar em Santana do Capivari e então ocuparia sua poltrona nº 13. No que concordei.
À primeira parada em pouco mais de 20 minutos, em Pouso Alto, quando saboreava um cafezinho, sou surpreendido pelo tal idiota da poltrona 27 tocando-me ao ombro, a falar: - Sua “praga” foi forte companheiro... olha o meu estado! Virando-me, constatei tratar-se do tal indivíduo dono da poltrona 27. Olhando-o de cima em baixo, no que pese o mau cheiro exalado. Verifiquei que o mesmo estava lavado e de vômito do passageiro a seu lado, que em estado de embriaguez lançou “suas armas” sobre ele. Sorrindo, dei de ombro, e disse: - É camarada, sinto muito, as coisas não acontecem por acaso, a vida é assim. Livra um e põe outo no lugar.
Afastando-se, lá se foi o presunçoso indivíduo à direção, naturalmente, dos reservados, tentar se limpar daquela carga lançada ao mar pelo pinguço ao seu lado. O que a nosso ver em pouco adiantaria...
Moral de história : A arte de saber viver e conviver, é um dom daqueles que possuem consigo paz interior e tranquilidade nos atos e na sua forma de ser...
Ah... Esses “Turistas Frenéticos” que adoram aparecer criando caso por dificuldades contornáveis suscetíveis de entendimentos, e se tornam intransigentes em abrir mão de seus direitos, mas quando se vem sujeitos a acontecimentos insólitos a justificar um ocorrido, são uns babacas alegando que foram vítimas de uma “praga” a eles lançadas. Que coisa pitoresca. Mas você sabe que até passei a crer que tenha sido de fato praga, quem sabe do meu Anjo de Guarda?
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