Protuberâncias abundaram abundantemente...
Acabávamos de nos hospedar num hotel em Brusque, SC, quando um entrevero eclodiu vindo do corredor da piscina. Curioso, juntamente com o gerente que nos recepcionava; um senhor alto, de sotaque germânico, nos dirigimos ao local. O que de certa forma veio causar certa preocupação, afinal nossa presença em tão requintado hotel, poderia nos deixar com má impressão. Claro, o que para o educado administrador, não seria de bom alvitre e poderia causar certo desconforto.
No “deck”, onde algumas pessoas se encontravam dois contendores se digladiavam por um motivo no nosso entender bem complicado, e a necessidade de uma intervenção se fazia obrigada. Nisso por intervenção do gerente alemão, após nos pedir desculpas, e do salva-vidas, um cidadão de tez amorenada, de corpo atlético de palavreado meio enrolado puxando para um portunhol, se intromete entre os dois brigões tentando separá-los, o que conseguiu com ajuda do gerente e o furdunço foi contido e, às duras penas, conseguiram conter o gordo irado, que tentava ainda prosseguir com a agressão, os dois cidadãos ainda tentavam se estapearem entre insultos e palavrões. Um deles magro e alto, com uma câmera dependurada ao pescoço, tentava se explicar esquivando-se da agressão que seu “adversário” enfurecido, um gorducho calvo, lhe aplicava. Ao primeiro impacto, atribuição ao fotógrafo que tentava se justificar, segurando um envelope.
Acalmados os ânimos, dadas às explicações, que a princípio não
agradou a ambos brigões pelo acirramento que demonstravam. Eu ali, ainda me sentindo um tanto deslocado, afinal mal acabara de chegar, soubemos do motivo que originou aquela bulha. O gorducho, um oriundi-italiano, possesso, disse num linguajar enrolado que aquele tarado havia fotografado “o culo” da sua mulher, cuja foto reconhecera pelo traje de banho ao vê-la, quando o sádico repassava as fotografias sentado à mesa e de súbito, deixou cair algumas fotos e o gorducho ao tentar ajudar pegando-a do chão, por azar, deu com o foto que dizia ser de sua mulher. O magro agredido, um argentino, que catava algumas fotos ao chão, que durante o “pega pra capar” caíram do seu envelope ao ser agredido pelo carcamano, interpelado pelo gerente a se explicar da leviandade, levantou e defendeu-se, protegido à distância pelo salva-vidas, um cubano, do brabo italiano que esbravejava contido também pelos garçons.
Dando de inocente, contou que apenas praticava seu trabalho ,em
fotografar. E que no momento estava imbuído num projeto pessoal, onde o elemento principal eram os glúteos cuja graça, beleza e sensualidade não seriam o fator vital, mas sim a graça, a comicidade das enormes e exageradas protuberâncias bem acima da normalidade. Passou então ao gerente alemão, das mãos de um dos garçons, um coroa de origem portuguesa, o envelope com as fotos do seu trabalho.
O gerente, de posse do envelope, puxou uma cadeira sentando-se à mesa, onde sacou o conteúdo se pondo a vê-las. À medida que apreciava as fotos, mesmo contestado pelo italiano que não admitia que o “culo” de sua mulher fosse admirado por alguém, a fisionomia do alemão séria, ia se transformando numa só alegria., estampada no seu rosto de bochechas rosadas e devolvendo ao argentino, resumiu com a frase: Ah...marravilhosos! Muita inteligente seu ideia
O carcamano a parte, contido pelos garçons e o cubano salva vidas indignado, revoltado vociferou: -- Seus tarados, ritorne o culo di mio moller, pois ila é mio propriedad e solamente io posso desfrutare di su pio belle culo.
Conduzido pelo gerente, se afastou o argentino. Levado sob escolta, gesticulando e esbravejando inconformado lá se foi o italiano, contendores de uma “luta” internacional cujo mediador germânico, mostrando-se parcial, deu a vitória ao colecionador de “bundas” proeminentes. O que não deixou de ser um ato importante nesta atual conjuntura miscigenada.
Moral da história: Há gosto para tudo, desde deliciosas peras e maçãs a melancias, jacas e até abacaxis, quem sabe? Depois dessa, resolvemos mudar de hotel, pois aquelas fotos não eram como o dito milongueiro, dizia, só bundas proeminentes, havia na verdade, uma variedade apreciável de nádegas que não tiravam a razão do italiano.
Ah!!! Esses “Turistas excêntricos” quando se excedem nas excentricidades alheios à ética e ao respeito, realmente nos oferecem momentos conflitantes, que sem dúvida muitas vezes se tornam bastante pitorescos, mesmo quando veem de encontro aos princípios morais, em que um portenho, pela sua arte fotográfica, nos presenteou com momentos, em cujas protuberâncias abundaram de forma abundante, na borda de uma piscina bem pitoresca... Mas de cunho internacional!
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