Recado para o senhor, Dr. Smith
Em certa ocasião nos encontrávamos num hotel à cidade mineira de Poços de Caldas, onde fora programado um seminário sobre o desenvolvimento do turismo pela rede hoteleira da região, como extensiva ao sul de Minas. Esse encontro havia atraído um número apreciável de hoteleiros, que mantinha o hotel até certo ponto bem concorrido.
Sexta-feira durante o jantar, por se encontrar o refeitório pleno de hóspedes, principalmente com participantes do seminário, quando um casal se chega e permanece no aguardo de mesa. Pouco depois terminamos nossa refeição e o cedemos à mesa.
Terminando o seu jantar, o casal veio para a sala de estar sentando-se próximo a nós pondo-se a conversar. De súbito, sem que esperássemos, chegaram-se junto o casal, quatro cidadãos, que pelo crachá ao peito, era participante do evento. Então, um deles, talvez o mais agitado, dirigindo-se ao homem que ali sentado em conversa conosco, se espanta e indaga o que desejava. -- Então Dr. Konrad Smith, como foi o velório de sua mãe? O interpelado um tanto desarticulado eleva a cabeça deparando com os quatro à frente, fixa-os, abaixa a cabeça e ergue-se do sofá e diz; -- Vamos conversar reservadamente senhores ? Retrucando outro o fala: -- Só se for na polícia seu cretino. Não tem conversa e nem explicações a sua atitude seu vigarista ! Sobressaltado esbraveja o terceiro cidadão -- O próximo golpe a ser dado certamente será aqui neste hotel, não é mesmo seu 17l ? O quarto cidadão, já bem enfurecido, tenta então agarra-lo pelo casaco, mas é impedido pelos outros do grupo, a dizer que vamos a polícia registrar as nossas ocorrências.
Só que o dito Dr. Konrad, olhando a eles, indaga sobre o porquê de tanta acusação e essa agressividade. Pois em primeiro lugar o seu nome não era o qual diziam ser. Sacando do bolso seus documentos, mostra seu RC, pela carteira de habilitação. O que eles evidente desconfiaram não crendo, atribuindo falsos e como se negava seguir a DP, solicitou que chamasse a polícia, que não sairia do hotel.
Segundo a boca pequena, esse cidadão, Dr. Konrad, tinha a esperteza de se passar por “turista de alto gabarito” que pelo telefone do hotel, -- naquela oportunidade o telefone celular nem engatinhava e muito menos existia -- se comunicava com a gerência do hotel que se hospedava, passando-se por seu secretário na empresa o qual era um dos diretores ( Rhódia ) (Kibom) e outras tantas a deixar recados, ligando por Orelhões, para comunicar -se urgente com a diretoria. E assim ia agindo regularmente, até ganhar a confiança da gerência, a mostrar-se ser um cidadão importante a tornar-se pessoa digna em ser hóspede dos hotéis frequentados e, cada vez mais distinguido com gentilezas e distinções. Normalmente estes períodos eram de quinze a vinte dias, quando o desfecho da “temporada”, o golpe final aplicado, geralmente num sábado, baseado num recado do seu secretário, pois na ocasião, a dizer que sua mãe havia sido acometida de infarto agudo esta manhã, e veio a falecer, mas que tivessem o cuidado de omitir o falecimento, a dizer que estava internada no Hospital tal em estado bastante crítico. Claro que o recado era dado com muita mesura após o almoço, para evitar problemas de saúde , pois sofria do coração e uma emoção forte poderia causar danos .
Perante o inesperado e pego de surpresa, procurava armar seu drama, tendo o telefone do hotel como seu parceiro e solicitava do hotel na possibilidade de descontar um cheque, geralmente de valor alto, -- pois na ocasião não se falava em caixas eletrônico para se utilizar, -- para fazer jus as despesas iniciais do hospital, taxi e outras mais e apresentasse a despesa com o tempo da hospedagem que no hotel permaneceu. Claro que a administração aceitava ajuda-lo numa hora de tanta tristeza. Este golpe já havia sido aplicado em várias cidades do sul de Minas, como; Caxambu, São Lourenço, Lambari Cambuquira seguidamente num belo mês de lazer, turismo e estação de aguas com tudo pago, ou seja; de graça.
Moral da História: Nunca devemos nos impressionar palas aparências, pois elas quase sempre nos enganam, já que nos deixam aparentemente cegos pelo luzir do ouro que nos impõe e nos ilude pela falsa aparência...
Ah... Esses “turistas gabaritados” quando perdem o gabarito e as falsas aparências passam a realidade da pilantragem, nos oferecem momentos de fato surpreendentes e ,por que não, bastante pitorescos...
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